Ensino capenga afeta evolução dos índios no Paraná

A Constituição Federal garante uma educação especializada que atenda as necessidades dos índios. Mas ainda não há um sistema de ensino que realmente respeite os costumes e a língua das comunidades indígenas. Falta de qualificação específica dos professores e material didático inadequado são alguns problemas enfrentados todos os dias por alunos das aldeias. A população indígena brasileira está estimada em 400 mil pessoas, de 200 diferentes etnias. Onze mil delas vivem no Paraná, prevalecendo os caingangues, guaranis e xetás. Apesar desse déficit, a maioria das crianças das comunidades está matriculada nas escolas específicas, segundo Luli Miranda, coordenadora de educação indígena da Secretaria de Estado da Educação. São 29 estabelecimentos em todo o Paraná, que atendem cerca de 3 mil índios.

Ela explica que há vários fatores importantes na dificuldade do índio em estudar. Entre eles está o conjunto de costumes da etnia. Os guaranis são um pouco arredios quanto à escolarização porque, dentro de seus ritos, a palavra é sagrada e não pode ficar presa em um papel. “Isso faz com que apenas 10% dos guaranis estudem. Já faz 15 anos que estamos estudando essa questão e ninguém consegue explicar por que a maioria não lida com a escolaridade”, explica Luli. O outro motivo está na precariedade da capacitação de professores. “Eles têm poucas condições e ferramentas apropriadas para dar uma educação diferenciada, o que cria um empecilho no estudo”, comenta. A coordenadora aponta que 99% das escolas indígenas estão sob responsabilidade das prefeituras municipais, que não fornecem as condições adequadas, como material didático compatível com a realidades dos índios para auxílio nas aulas. Somente duas escolas são pertencentes à rede estadual de ensino. Em 2005, todos os estabelecimentos vão passar para o domínio do Estado.

Luli observa que não existiam escolas indígenas até 1988, apenas escolas funcionando em comunidades de índios. Depois de 16 anos, persiste o esforço em levantar o conhecimento deles. “Ainda não temos uma educação indígena como deveria ser. Tivemos que começar do zero e ainda há um mundo a ser descoberto”, acredita a coordenadora. (JC)

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