Encontro internacional debate as perdas auditivas

Em todo mundo, milhões de pessoas sofrem perdas auditivas relacionadas à atividade profissional. No Brasil, embora ainda não existam dados estatísticos precisos sobre o assunto, especialistas acreditam que milhares de trabalhadores sejam vítimas do problema. O tema será discutido até amanhã, durante o 18.º Encontro Internacional de Audiologia, no Cietep, em Curitiba. O evento está sendo promovido pela Academia Brasileira de Audiologia e Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

Segundo a professora do Programa de Mestrado em Distúrbios da Comunicação da UTP, Thais Morata, diversas categorias de trabalhadores são vítimas de perdas auditivas. Porém, no País, o problema se mostra mais acentuado entre funcionários da construção civil, de manufatura e da agricultura. “Em muitas indústrias, o maquinário é antigo e há falta de manutenção. Assim, o nível de ruído acaba sendo muito alto e a saúde auditiva dos trabalhadores bastante prejudicada”, comenta.

A Portaria 19, que o Ministério do Trabalho lançou em 19 de junho de 1998, limita o nível de ruído em ambientes de trabalho para 85 decibéis por um período de oito horas. A cada cinco decibéis a mais, a jornada de trabalho deve ser reduzida pela metade, ou seja, se o nível for de 90 decibéis, o período de trabalho deve ser de quatro horas diárias e assim por diante. Em muitos locais, a determinação ainda não é obedecida.

As irregularidades são verificadas principalmente nas empresas pequenas, que não se preocupam tanto com a imagem, possuem menos recursos financeiros e não passam por ações constantes de fiscalização. “Muitas empresas também não realizam testes de audição anuais em seus funcionários e não fornecem protetores auditivos”, afirma Thais. “Como existe muito desemprego, os trabalhadores não se sentem à vontade para fazer exigências. Se não possuem um sindicato forte, acabam se sentindo impotentes diante da situação.”

As perdas auditivas interferem imensamente na qualidade de vida de uma pessoa. Sem poder ouvir direito, ela acaba se isolando socialmente. Algumas não sofrem perdas, mas passam a ouvir um zumbido constante que não existe no ambiente, o que as torna estressadas e as fazem ter problemas relacionados ao sono.

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