Empresas contratam idosos para fugir das filas

Idosos, gestantes, mulheres acompanhadas de crianças de colo e deficientes físicos têm direito a atendimento preferencial em instituições que prestam serviços públicos, não precisando enfrentar filas. Porém, algumas empresas vêm se aproveitando deste benefício e pagando pessoas com direito ao mesmo para realização de seus serviços.

Na Receita Federal, em Curitiba, o problema é comum. Nas unidades de atendimento, não há limite de distribuição de senhas especiais (chamadas antes das demais) e muitas pessoas jurídicas tentam se aproveitar do fato. "Até o final do ano passado, tinha uma gestante que vinha à agência da Avenida Marechal Deodoro todos os dias. Ela, assim como outras pessoas, era utilizada como despachante por escritórios de contabilidade que tentavam tirar proveito de forma ilícita do benefício", conta o delegado da Receita Federal da capital, Vergílio Concetta.

Para evitar o transtorno, no início deste ano, a Receita determinou que as senhas especiais só podem ser fornecidas a quem solicitar serviços em causa própria. Mesmo assim, pessoas físicas com direito ao benefício, orientadas por pessoas jurídicas, ainda tentam encontrar alguma brecha para continuar requerendo serviços de terceiros. "Há cerca de um mês, na unidade de atendimento do bairro Portão, um homem conseguiu senha especial dizendo solicitar serviço em causa própria. Porém, quando ele foi chamado para atendimento, a mentira foi descoberta e ele teve que pegar uma senha comum", lembra o chefe do serviço de atendimento ao contribuinte da Receita, Dalton Luiz França Marques.

Em média, a Receita Federal distribui 650 senhas diárias na capital. Atualmente, cerca de 15% costumam ser especiais. Até o final do ano passado, quando o controle ainda não havia sido adotado, a quantidade costumava ser bem maior: cerca de 30%. Segundo o delegado da Receita Federal, o atendimento à pessoa jurídica costuma ser mais demorado e a utilização ilícita do benefício prejudica outros usuários. "Como as filas não andam, acabam até eliminando o benefício em si."

Nos bancos, o problema também costuma acontecer. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informa que já recebeu queixas referentes ao assunto, mas que não pode fazer nada para evitar o transtorno. Isso porque os bancos dão atendimento preferencial às pessoas por suas condições físicas e não de acordo com o serviço solicitado.

Voltar ao topo