Em protesto, índios apreendem veículo

Irritados com a falta de agilidade da Prefeitura em melhorar as condições da estrada que liga uma aldeia à cidade de Inácio Martins, centro-sul do Estado, índios guaranis que moram na localidade de Rio Bonito, mantêm apreendida há uma semana uma kombi que pertence ao município. Eles alegam que desde o ano passado solicitam ao prefeito Silvino Pasqualin obras na estrada, que está esburacada e cheia de pedras. Mas até agora nada foi feito. O impasse pode ser resolvido hoje, quando a Prefeitura promete dar início a uma medida paliativa para permitir a passagem de veículos pelo local.

O cacique Antoninho Pires de Lima conta que a apreensão do veículo se deu para pressionar o poder público a tomar uma atitude. ?Os alunos que estudam na cidade estão faltando aulas, com notas vermelhas?, reclama. O atendimento à saúde também fica prejudicado, uma vez que as equipes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que atuam no local têm enfrentado dificuldade para ter acesso à aldeia. ?O que nos preocupa ainda mais é caso haja uma emergência mais grave, que necessite atendimento na cidade?, diz o cacique.

Os cinco quilômetros de extensão não conseguem ser percorridos em menos de meia hora, segundo ele. Antoninho Lima afirma que solicitações junto à Prefeitura já foram feitas diversas vezes. ?Toda semana a resposta era que logo as máquinas estariam aqui para fazer a estrada, mas isso nunca aconteceu?. A situação ficou ainda pior na semana passada, quando um caminhão carregado de areia tentou chegar à aldeia e acabou atolado nos buracos. ?A única solução que encontramos foi apreender o veículo da Prefeitura. E já avisamos que só liberamos o carro assim que começarem as obras?, garante o cacique. Moram na aldeia 140 índios.

Responsabilidade

O prefeito Silvino Pasqualin afirma que ainda hoje inicia obras emergenciais na estrada. ?Vamos consertar os buracos que o caminhão deixou ainda piores ao tentar passar?, diz. Segundo ele, a medida paliativa deve deixar a estrada ao menos transitável. Quanto à obra completa de revitalização da via, que custaria R$ 60 mil aos cofres públicos, o prefeito se exime de responsabilidade. ?É a Funasa que tem de fazê-las?, enfatiza. Mas a assessoria da Funasa no Paraná desmente a informação. ?A terra está regularizada no âmbito do município de Inácio Martins; portanto, essa questão é de responsabilidade da Prefeitura?, delimita o órgão. 

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