Economistas abandonam seus diplomas na UFPR

O sonho de ter um diploma, de colocá-lo numa moldura e pendurá-lo na parede persegue centenas de pessoas – principalmente aquelas que sequer têm condições de ingressar em uma universidade. Um grande número de economistas formados pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) têm a oportunidade de realizar este sonho, mas não o fazem. São quase 150 diplomas guardados em armários da coordenação do curso, que foram simplesmente “esquecidos” por seus donos.

Um deles, o de Lorildo Vidal de Oliveira, é da primeira turma de Economia da UFPR, em 1950. Esse diploma sequer foi assinado pelo formando. “É uma total falta de interesse por parte de quem se formou”, diz o secretário da coordenação, Gerson Santos. Como não existe prazo para que os ex-acadêmicos busquem o documento na universidade, pilhas vão se formando e ocupando espaço nas prateleiras. “Esse é um dos principais problemas. Eles têm que ser guardados em lugares seguros, e não há mais espaço para tantos envelopes”, explica. O pior é que muitos desses diplomas perderam a validade. É o caso de documentos mais antigos, que precisariam ser refeitos, já que o reitor da UFPR mudou várias vezes ao longo desses anos.

A assistente administrativa da coordenação do curso, Rosângela Garcia, conta que o descaso com o documento é tão grande que, no ano passado, um ex-acadêmico preferiu ficar sem o diploma a pagar a taxa de R$ 15,00, cobrada pela instituição para a emissão do documento. “Ele preferiu não colar grau”, revela.

Outro fator que estimula a falta de interesse, segundo Santos, é a não-exigência do documento na maior parte das situações. Geralmente, são apenas em casos de especialização, como mestrado e doutorado, que o diploma é requisitado. Os números que apontam a desistência dos universitários, ao longo do período acadêmico, já denunciam a falta de interesse: são 220 vagas ofertadas por ano pela UFPR no curso de Economia, mas concluem a graduação apenas entre 90 e 100. “Esse descaso existe, talvez, por ser uma instituição pública”, suspeita Rosângela. “O ensino acaba sendo desvalorizado. E o curso recebeu conceito A no Provão do MEC”, ressalva.