DRT encontra 23 pessoas em regime similar ao escravo

A Delegacia Regional do Trabalho do Paraná continua fazendo marcação cerrada no trabalho escravo. Na última quarta-feira, em uma força-tarefa formada também pelo Ministério Público e Polícia Militar, o grupo encontrou 23 trabalhadores que eram submetidos a um regime de vida semelhante à escravidão. Sem receber salários desde agosto, eles estavam sendo impedidos de deixar a Fazenda Andraus, situada entre os municípios de Bocaiúva do Sul e Rio Branco do Sul, na Região do Tigre. Eles trabalhavam com corte de madeira e foram contratados em janeiro deste ano. Na inspeção do trabalho, detectou-se que nos últimos meses a única coisa que eles tinham acesso era a uma espécie de fiado em uma mercearia.

Segundo o delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, as fazendas de corte de madeira e reflorestamento são os locais de maior concentração do trabalho próximo à escravidão. ?Geralmente, os donos contratam intermediários, os chamados gatos. E são essas pessoas que contratam esses trabalhadores, geralmente sem escolaridade. São pessoas que vêm de região de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixo?, conta o delegado. O trabalho passa a ser a única chance de lutar contra a fome para essas pessoas, que terminam impedidas de deixar o trabalho. ?As famílias costumam ir juntas e é comum os idosos ficarem responsáveis pela comida e os mais jovens a pegar no pesado?.

A DRT chega a esses locais a partir de denúncias ou ainda no trabalho constante de ações conjuntas de fiscalização. Outra forma de combate à prática é a penalização dos empregadores com multas salgadas. ?Mais do que isso, a empresa vai para o cadastro nacional de empresas. Com o nome sujo na praça, não pode participar de licitações ou obter crédito em bancos?, explica Serathiuk. Segundo o delegado, está sendo feito um constante trabalho de conscientização nas empresas para que não contratem intermediários e que controlem de perto o que acontece nas propriedades.

No caso da Fazenda Andraus, a multa por manter trabalhadores sem registro será de R$ 9.226,00. Na segunda-feira, os responsáveis pela fazenda terão de comparecer à DRT para fazer os acertos de verbas rescisórias, aviso prévio, férias e 13.º proporcionais, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), multa rescisória e indenização pelo dano moral individual. O Termo de Ajuste de Conduta também deverá ser firmado na semana que vem. 

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