Deficientes visuais ganham telelupas

Dez pacientes do Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente (Craid) receberam, ontem, do secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier, um conjunto de telelupas, instrumento utilizado pelas pessoas portadoras de visão subnormal como auxílio ótico especial. “Só fiz até a 5.ª série porque não conseguia enxergar direito. Agora vou poder fazer o supletivo e, quem sabe, até a faculdade de desenho”. Até agora esses planos eram um sonho distante para a dona-de-casa Ângela Virgínia Oliveira Ferreira, 38 anos, que não enxerga com o olho direito e tem visão reduzida no olho esquerdo em função do glaucoma.

Essas e outras 25 telelupas que já foram distribuídas no mês passado foram compradas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para resolver o problema dos pacientes do Craid que precisavam do instrumento para melhorar a qualidade de vida.

Desde o ano passado, as telelupas não estão sendo doadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Secretaria está assumindo a distribuição até que o SUS volte a fazer a entrega normal dos instrumentos.

O resgate social tem um significado especial para as pessoas que fazem reeducação visual no Craid e que agora poderão enxergar melhor. Para Ângela, a perspectiva de voltar a estudar é o principal, mas ela não esconde também o encantamento com os detalhes das paisagens, que agora pode enxergar.

“Pela primeira vez consegui olhar o relógio da Catedral e enxergar os números e ponteiros”, contou ontem, depois de um rápido passeio pelas proximidades do Craid, já utilizando a telelupa. Para Iracema Santos Almeida, 21 anos, que perdeu quase totalmente a visão em função da toxoplasmose que sua mãe contraiu durante a gravidez, a telelupa ajudou a recuperar a auto-estima. “Agora posso ver os detalhes das roupas nas vitrines e, o mais importante, voltar a estudar”. Ela chegou a repetir quatro vezes a 4.ª série porque não conseguia enxergar o quadro negro. Ela se prepara para finalizar o supletivo de 5.ª a 8.ª. “Já não preciso pedir para as pessoas lerem as frases pra mim”, comemora.

Iracema e Ângela fazem parte do grupo de 230 pacientes atendidos na área de reeducação visual do Craid. Lá, eles recebem todo o tratamento para a reeducação visual, atendimento psicológico, aulas de braile, além do acompanhamento do desempenho em sala de aula do ensino regular.

O trabalho é feito em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seed). Os pacientes que receberam as telelupas têm aulas semanais para a melhor utilização do instrumento. Das 230 pessoas atendidas na área de reeducação visual, quase metade é formada por bebês menores de 1 ano. “Nossa meta e aumentar o atendimento aos bebês, porque é bem melhor a recuperação de problemas visuais se o tratamento começa cedo”, explica a diretora geral do Craid, Orcezi Antunes.

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