Muitas pessoas sequer possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e já estão correndo. Não nas ruas, mas na procura para tirar o documento antes do final do ano.
Uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aumenta as aulas teóricas e práticas nos Centros de Formação de Condutores a partir de janeiro de 2009. Desde a publicação da resolução, em agosto, cresceu a procura pelo serviço no Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR).
Em Curitiba, foram 6.146 processos abertos para a primeira habilitação em agosto. No mês seguinte, o número saltou para 10.342. A resolução do Contran determina que a parte teórica seja de 45 horas/aula (atualmente são 30 horas/aula). Nas aulas práticas, a carga passa de 15 para 20 horas/aula.
Por causa do anúncio, Adriana Marques, 25 anos, e William Henrique Ribeiro, de 18, decidiram fazer o documento. “Vi notícias de que demoraria mais para tirar a carteira de motorista. Resolvi aproveitar para fazer agora”, conta Adriana. “Já ia fazer a carteira, mas decidi acelerar para não pegar complicação”, afirma Ribeiro.
As mudanças buscam uma melhor formação do condutor, segundo Maria Aparecida Farias, coordenadora de habilitação do Detran-PR. As aulas teóricas a mais focam os motociclistas. Independentemente da categoria para a qual está se habilitando (A ou B), todo futuro motorista deverá estudar esse conteúdo.
Somente as aulas práticas serão diferenciadas para quem quer dirigir automóveis ou conduzir motos. “A resolução também prevê que o motociclista poderá fazer aulas práticas em via pública, desde que esteja acompanhado e já tenha domínio sobre a moto. Hoje, as aulas acontecem apenas em pistas fechadas”, comenta.
A coordenadora explica que, sempre quando há mudança na legislação, as pessoas querem antecipar para não entrar na nova regra. “Quem está tirando a carteira pela primeira vez precisa estar consciente de que está em um processo de aprendizagem, que não tem que pular etapas. A resolução só está entrando para melhorar a formação, diante de tantos acidentes envolvendo motociclistas”, ressalta.
Dados do Detran-PR indicam que a frota de motos no Estado era de 667.191 no primeiro semestre deste ano. No mesmo período, eram 2.510.463 automóveis. Os acidentes envolvendo motos somaram 13.151 ocorrências, contra 17.529 com carros.
Para esclarecer como a situação iria impactar os centros de formação de condutores, a reportagem de O Estado tentou entrar em contato com o Sindicato das Auto-Escolas do Paraná durante todo o dia de ontem. Mas a instituição não retornou nenhuma das ligações.