Curitiba 319

Curitiba 319 anos: Planejamento Urbano

Foco nas pessoas e no futuro. É isso que o engenheiro civil Luiz Cláudio Mehl, pede para Curitiba nos próximos anos. O empresário da construção civil e ex-presidente do Instituto de Engenharia do Paraná sabe do que está falando. Durante os anos 70, Mehl foi funcionário da prefeitura e trabalhou diretamente no planejamento urbano da cidade, sendo um dos executores do Plano Diretor – uma série de ações desenvolvidas por arquitetos e urbanistas nos anos 60 para planejar o desenvolvimento do município, que começava a ocorrer de forma desordenada. A partir dos anos 80, passou a escrever e desenvolver estudos sobre planejamento urbano e a organização do crescimento das cidades, além de continuar na pare da construção civil.

Na opinião de Mehl, a cidade de Curitiba nos últimos anos deixou de pensar na frente, no futuro a médio e longo prazo, e isso faz com que as intervenções urbanas na capital paranaense fiquem mais difíceis. “Curitiba sempre pensou anos à frente, tanto que o plano diretor é dos anos. 60. Hoje vemos uma série de obras que podiam ser pensadas há alguns anos. Acho que precisamos voltar às nossas tradições de pensar a nossa capital com visão estratégica”, afirma.

Além da visão estratégica, o engenheiro também propõe ações mais imediatas para Curitiba. Uma delas trata sobre o Terminal Guadalupe, instalado em uma das regiões mais movimentadas do centro da cidade. Atualmente, circulam pelo terminal quase 50 linhas de ônibus que atendem toda a região metropolitana e o local sofre com a violência. “ Já temos uma infinidade de linhas de ônibus que cortam o nosso centro e além disso temos o Terminal Guadalupe que centraliza, num local pequeno e já ultrapassado, quase todas as linhas metropolitanas. Então é tirá-lo do centro e pensar num outro local onde a entrada e saída dos ônibus se desse mais fácil”, diz Mehl.

Os ramais ferroviários também são alvos de críticas por parte do engenheiro. Para ele os trilhos de trem cruzam áreas populosas e é necessária a construção de um contorno ferroviário em Curitiba. “De tempos em tempos escutamos alguma notícia sobre um acidente com trens dentro da cidade e isso precisa mudar. Sei que já existem algumas conversas a respeito, mas acredito que se trata de uma prioridade”, conclui.

Empregos x Bairros

Uma das sugestões apontadas por Mehl é descentralizar a geração de empregos na cidade de Curtiba. “Hoje vemos todos irem trabalhar no centro, nos bairros que circundam o centro e na CIC, onde há uma grande concentração de empresas. Com isso, você imagina praticamente a cidade inteira indo para as mesmas regiões. Acredito que seja imprescindível que se pense num planejamento que descentralize os bolsões de emprego para os bairos mais distantes”, sugere o engenheiro.

Centro pras pessoas

Na concepção de Luiz Cláudio Mehl, o centro de Curitiba precisa mudar. Segundo ele, todas as interseções futuras na região devem priorizar a circulação de pessoas e não aumentar o fluxo de carros e de ônibus. “Hoje vemos o nosso centro abarrotado de pessoas, carros, ônibus, caminhões e todo o tipo de meio de transporte. Sendo que seria mais eficaz elaborar planos para que as pessoas circulem facilmente na região central”, indica.

Sugestões já estão em prática

Diante das sugestões apresentadas pelo engenheiro civil Luiz Cláudio Mehl, o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver de Almeida, afirma que a maioria das ideias apontadas por Mehl já fazem parte do plano de ação da capital paranaense. “Com foco nas pessoas, o planejame,nto urbano voltado para as necessidades futuras sempre foi prioridade em Curitiba. Foi isso que fez e faz a cidade se desenvolver sem comprometer a qualidade de vida dos seus cidadãos”, enfatiza.

De acordo com Almeida, um dos exemplos desse olhar para o futuro que Curitiba tem é o projeto da Operação Urbana Consociada Linha Verde, que impulsionará a ocupação ordenada, transformando a antiga BR-116 no sexto eixo de desenvolvimento da cidade. “A Linha Verde é um projeto para os próximos 20 anos. Olhando à frente temos ainda o metrô, prestes a ser implantado. Ele chegará antes do esgotamento da capacidade do sistema de transporte no eixo norte/sul. O Plano Diretor de Curitiba teve sua última revisão há sete anos. Paralelamente produzimos os Planos Setoriais com dimensão para 2020”, revela.

Sobre a questão da descentraização da geração de empregos aqui na capital, Cléver afirma que o uso misto nos eixos de desenvolvimento, onde moradia, comércios, serviços e transporte público estão juntos, também faz parte do projeto da Linha Verde. “Essa mesma lógica é adota em diversos planos da cidade”, diz.

Anel Viário

Mehl sugeriu que o centro priorize mais a circulação de pessoas e não de carros e ônibus. Para o presidente do Ippuc, Curitiba seguirá esse rumo com a implantação do Anel Viário Central, uma infraestrutura viária completa, com melhoria semafórica, calçadas e iluminação especial. “O Anel Viário ajudará a desafogar o trânsito na área central com deslocamentos mais seguros e contínuos, com uma rota que evitará a passagem de carros pela área central”, completa.

Em relação aos ramais ferroviárias que cortam Curitiba, Almeida faz questão de afirmar que tirar o ramal ferroviário do meio da cidade é um desejo perseguido pelo município há muito tempo. “Recentemente o município retomou o assunto com o governo federal para viabilizar a proposta”, conclui.

Já sobre os problemas relacionados ao terminal Guadalupe não há novidades. Para o Ippuc, o terminal do Guadalupe ainda tem uma função importante para o transporte metropolitano.

Arquivo
O terminal Guadalupe, na visão do engenheiro, deve ser retirado do centro da capital.
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