Cristãos festejam data mais importante do ano

O que é Páscoa? Qual o significado desta que é a maior comemoração dos cristãos? Por que a Páscoa não é, todo ano, no mesmo dia? Por que presentear com ovos de chocolate? Para a irmã Custódia, responsável por diversas pastorais da Cúria Metropolitana de Curitiba, se partirmos do significado da palavra Páscoa, todas essas questões são facilmente compreendidas.

Páscoa significa passagem, libertação e, antes de Cristo, já era celebrada pelos judeus em memória ao dia em que seu povo se libertou da escravidão no Egito, o que ocorreu na primeira lua cheia da primavera no hemisfério norte (outono para nós). Com a ressurreição de Cristo (que também é uma passagem, libertação), a Igreja cristianizou a festa e, segundo o Novo Testamento da Bíblia, como Jesus ressuscitou em um domingo, para os cristãos ela passou a ser celebrada no primeiro domingo depois de tal lua cheia, que pode ocorrer entre os dias 22 de março e 24 de abril.

Irmã Custódia explica que as comemorações da Semana Santa começam no Domingo de Ramos, quando a pessoa é convidada a retomar sua vida cristã. "É o dia de se fazer a opção de ir em direção ao sofrimento de Cristo", comenta. A preparação para a Páscoa segue na quinta-feira, quando ocorre a missa de lava-pés e se faz memória ao dia em que foi instituída a eucaristia, a repartição do pão e do vinho, que passou a significar corpo e sangue de Cristo.

A Sexta-feira Santa, celebrada ontem, é o marco da doação e força de Jesus, que se entrega ao exército romano para libertar seu povo. Neste dia, não é celebrada nenhuma missa, os sinos da igreja não tocam, e os cristãos vão às ruas, em procissões ou encenações da Paixão de Cristo.

No Sábado Santo, hoje, os cristãos lembram a morte de Cristo e esperam sua ressurreição. É feita a bênção do fogo (luz, calor) e da água (vida). À noite, é realizada a vigília e celebrada a Missa da Ressurreição. No domingo, comemora-se a ressurreição, o triunfo da vida sobre a morte. "É o dia da esperança universal, de colocarmos em nossa vida a força e a coragem de Jesus", lembrou a irmã.

Por tudo o que representa, na Páscoa, muitos cristãos que estavam distantes da Igreja acabam por voltar a procurá-la, e a irmã vê isso com muito bons olhos. "É sinal de que Cristo está vivo nessa pessoa. Temos que acolhê-la com bastante carinho e atenção", destacou. "Quando se celebra essa festa, não se pode falar apenas na ressurreição de Cristo. Devemos ir além, retomar tudo o que falta ressurgir na vida da humanidade: paz, unidade, vida digna para todos", conclui Custódia.

Ovos de Páscoa

Irmã Custódia explica que os símbolos, dentre eles o ovo de chocolate, vêm da história, do tempo em que os cristãos eram perseguidos pelo império romano e, por isso, precisaram criá-los como senhas, para que pudessem continuar celebrando a Páscoa.

Por não poder comemorar livremente a ressurreição de Cristo, foi adotado como símbolo o ovo, que representa a força da vida, e, durante a Páscoa, eram trocados entre os cristãos, como forma de lembrar a data. Mais tarde, começou-se a enfeitar os ovos e, depois, recheá-los de doces, até chegar aos ovos de chocolate, como os conhecidos hoje.

Quanto ao fato de o comércio ter popularizado os ovos, que, às vezes, ganham até mais destaque que o real significado da Páscoa, Custódia tem uma opinião bastante positiva. "Se não houvesse o chocolate, muitas crianças nem saberiam o que é Páscoa. Tem que dar o chocolate e dizer que esse é o ovo que representa a ressurreição de Jesus".

Principal festa judaica dura oito dias

A Páscoa, ou Pessach, dura oito dias e é a festa central do judaísmo, servindo como uma conexão entre o povo judeu e sua história. No Pessach, comemora-se a libertação do povo hebreu, que, conduzido por Maomé, deixou o Egito, onde trabalhava praticamente como escravo. Este ano, a festa começou na última quarta-feira, dia da lua cheia de primavera no hemisfério norte. A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites é realizado um jantar especial chamado de Sêder de Pessach. Neste jantar a história do êxodo do Egito é narrada, e se fazem  leituras das bênçãos, das histórias da Hagadá (texto que conta a história da libertação), de parábolas e canções judaicas. Durante a refeição, come-se pão ázimo e ervas amargas, e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se do "sair apressado da terra do Egito". Durante os oito dias de celebração, os judeus não consomem ou mantêm posse de qualquer alimento fermentado.

Imigrantes também comemoram

Ucranianos e poloneses, representados por grandes colônias no Paraná, também dão bastante importância às comemorações da Páscoa. Para estes povos, a Páscoa também já era comemorada antes de Cristo, na celebração pelo início da primavera.

Após uma sexta-feira de jejum, hoje é um dia de preparação para o domingo de Páscoa. As famílias preparam os alimentos e os ovos decorados (pêssankas para os ucranianos e pisanki para os poloneses), que, amanhã, serão trocados entre parentes e amigos. Hoje também ocorre a benção dos alimentos. Um dos principais costumes dos povos é o de se trocar os ovos pintados artesanalmente, que têm características e simbologias diferentes entre as duas culturas. Segundo a presidente da Associação de Pêssankas Ucranianas do Paraná, Tetianna Bachtzen, ao se presentear alguém com uma pêssanka, está se desejando paz, saúde, fertilidade ou prosperidade, entre outros, à pessoa. Tanto no Memorial Ucraniano, no Parque Tingüi, quanto no Bosque do Papa, há uma programação cultural para hoje, inclusive com a bênção dos alimentos.

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