Diagnóstico

Crescem os casos de aids entre os maiores de 50 anos

Quando a aids surgiu, em meados da década de 80, era uma doença incurável e intratável. Atualmente, com a evolução de medicamentos, ela é considerada uma enfermidade crônica, assim como a pressão alta e o diabetes.

Porém, ainda é um problema bastante preocupante, que assusta e é cercado de preconceitos. Hoje, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o assunto deve ser discutido em vários eventos realizados pelo País.

Até o final da tarde, o Ministério da Saúde deve divulgar dados relativos à doença no ano de 2010. Porém, já se sabe que, de janeiro a junho de 2009, foram diagnosticados 13.658 novos casos da doença no Brasil, sendo 8.157 entre homens e 5.501 entre mulheres.

No Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, de 1984 a 2009, foram diagnosticados 21.378 casos entre adultos e 818 entre menores de 13 anos. No País, a faixa etária com maior número de casos, em ambos os sexos, foi dos 40 aos 49 anos de idade, onde foram diagnosticados 2.169 casos entre pessoas do sexo masculino e 1.327 do feminino.

Porém, também está sendo verificado maior incidência entre pessoas com mais de 50 anos. Também no primeiro semestre de 2009, foram 1.976 casos. “O diagnóstico de aids entre pessoas com mais de 50 anos anos vem aumentando de forma progressiva há cerca de três anos, o que está relacionado ao aumento da idade sexual ativa. Entretanto, não sabemos com certeza se as pessoas nesta faixa etária estão se contaminando mais ou simplesmente buscando mais o diagnóstico”, comenta a especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Ciane Mackert, autora do livro “Deu Positivo. E agora, doutor?”.

Universalização

Segundo o médico infectologista do laboratório Frischmann Aisengart/Dasa, Jaime Rocha, quando a aids surgiu, muitas pessoas acreditavam que era uma doença exclusiva de homossexuais.

“Porém, tempos depois, houve a universalização da enfermidade, que passou a atingir tanto homens como mulheres, homossexuais ou heterossexuais, em todas as classes sociais e em qualquer país do mundo. A aids tornou-se uma doença crônica, cujos pacientes que levam o tratamento a sério já têm perspectiva de longevidade e vida praticamente normal.”

Coquetéis triplos são menores e mais eficientes

A longevidade e qualidade de vida alcançada pelos pacientes se deve aos avanços na tecnologia envolvida na fabricação da medicação e ao aumento do número de medicamentos disponibilizados para o tratamento da aids. O médico infectologista Jaime Rocha lembra que, até alguns anos atrás, os doentes tinham que tomar um coquetel composto por cerca de 20 comprimidos.

Hoje, embora ainda se utilize o termo coquetel, os pacientes necessitam de dois ou três comprimidos. “Os medicamentos para tratamento da aids ainda são considerados caros, mas no Brasil são fornecidos gratuitamente à população. Temos todos os medicamentos disponíveis no resto do mundo”, afirma.

O governo federal também fornece medicamento antiaids a pessoas com risco ocupacional ou que foram vítimas de violência sexual. Porém, a ideia é ampliar a oferta do produto a todas as pessoas com exposição a situações de risco, como cidadãos que tiveram relação sexual sem camisinha ou em situações em que a camisinha estourou.

“Trata-se de um coquetel triplo, que deve começar a ser tomado até 48 horas após a exposição ao risco. Ele diminui as chances de que o vírus HIV se multiplique e deve ser uma tentativa de reduzir a progressão da aids. Porém, ainda há dúvidas sobre até que ponto o governo vai ter controle sobre as pessoas que receberem o medicamento e, se com a alternativa, a prevenção vai deixar de ser priorizada”, declara a especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Ciane Mackert.

Indústria se engaja

Entre as ações realizadas no Paraná no dia de hoje, o Serviço Social da Ind&u,acute;stria (Sesi) irá promover uma campanha através de sindicatos, através da qual irá enviar a pelo menos 2 mil empresas materiais como cartazes e folders.

O objetivo é motivar o diálogo sobre o tema e contribuir para a conscientização dos trabalhadores, além de combater o preconceito. “Iremos realizar o trabalho até o carnaval”, informa a coordenadora da Gerência de Segurança e Saúde do Sesi, Carmem Weber.

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