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Cozinha comunitária faz sucesso no Sítio Cercado

Lugar de catador é na cozinha. Pelo menos entre os 22 catadores de materiais recicláveis do Projeto Mutirão Profeta Elias, no Sítio Cercado, o espaço onde há oito meses fazem as refeições (café da manhã, almoço e café da tarde) virou um ponto de encontro para trabalhadores e familiares nutrirem o corpo e a alma para enfrentar uma dura jornada de trabalho.

Doações de equipamentos, móveis e cestas básicas de diversas empresas, como a Volvo e a Eletrosul Centrais Elétricas S. A., do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e de comunidades religiosas, como a Missão Social Franciscana e a Ação Social da Paróquia Nossa Senhora do Guadalupe garantiram a viabilidade da cozinha comunitária do projeto.

Marco Charneski
Na cozinha comunitária, Maria diz que recuperou o gosto pela vida após perder filho em acidente.

De forma voluntária, os catadores se ajudam mutuamente para manter e administrar a cozinha, mas é a catadora Maria de Fátima Portes quem comanda o fogão e coloca ordem no local. “Aqui sou eu quem mando”, brinca. A “comandante” diz que recuperou o gosto por viver na cozinha comunitária. O filho dela de 17 anos morreu atropelado e, desde então, Maria mergulhou em uma depressão profunda. Foi cozinhando para outros catadores como ela que a vida passou a ter sentido novamente.

Mesmo sem tantas opções de produtos, ela conta que gosta de inventar na cozinha e caprichar no tempero. “Um bom tempero faz qualquer prato ficar bom. Muitas vezes só temos arroz e feijão para servir, mas todo mundo come com gosto porque deixo bem temperadinho com cebolinha verde, alho e cebola”, revela. O prato de maior sucesso na cozinha do Mutirão é o frango com molho. “Deixo de pegar o resto, quando vejo que ela fez o frango, pois é muito bom”, conta a catadora e coordenadora do projeto Sandra Mara de Lemos.

Ela explica que desde o início de funcionamento da cozinha, os catadores têm produzido mais. “Muitos deles saíam de casa com o café da manhã e passavam o dia trabalhando com o estômago vazio. Vários passavam mal de fome”, conta. Sandra diz que com a cozinha o pessoal está tendo mais energia para trabalhar e ainda tem a tranquilidade de saber que os filhos também podem fazer a refeição no local.

Altos projetos de expansão

Marco Charneski
Sandra: o pessoal está tendo mais energia para trabalhar e pode levar os filhos para fazer a refeição.

Além das refeições, o espaço também tem servido para a capacitação dos integrantes do projeto. Já foram realizados cursos de espanhol e capoeira. Também é lá que eles organizam diversas reuniões visando o desenvolvimento econômico da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Mutirão.

Uma das conquistas do grupo foi eliminar alguns atravessadores para ganhar mais pelo quilo de material recolhido. O próximo passo será a implantação da Cooperativa de Comercialização de Resíduos Sólidos (Coopersol), que vai unir a produção deles e outras quatro associações de catadores da Grande Curitiba para comercializar os materiais coletados direto com a indústria. “Dessa forma conseguiremos ter o volume que a indústria exige e aumentar os ganhos”, conta Sandra.

A maturidade na admi,nistração da associação é fruto da experiência adquirida desde 2002, quando eles começaram a trabalhar com os princípios da economia solidária. A comunidade já tem um caminhão que facilita o transporte do material coletado, porém um problema na caixa hidráulica está impedindo a utilização do veículo. Para quem quiser ajudar com doações de cesta básica ou de materiais recicláveis (pets, papelão, papel e metais) ou ainda ajudar no conserto do caminhão, o telefone de contato da associação é: (41)) 3564-2109.

Marco Charneski
Uma das conquistas do grupo foi eliminar alguns atravessadores.
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