Corte de medicamento preocupa pacientes

?No próximo mês não sabemos o que fazer?. A dúvida é do aposentado Dionir Krasinski, 62, anos, que toma o medicamento Glivec para controle da leucemia mielóide crônica. A partir de junho, os 117 pacientes que pegam o medicamento no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) podem deixar de receber o remédio por causa do reajuste de preço. Os pacientes que dependem do Glivec podem desenvolver a leucemia novamente e ficam suscetíveis a outras doenças, em função da baixa imunidade. Ainda não há outra droga semelhante no mercado.

O laboratório que fornece o Glivec anunciou um reajuste de 3,64% no preço do medicamento a partir de junho. O diretor-geral do HC, Giovani Loddo, afirmou anteontem a O Estado que não vai renovar o contrato com o laboratório, que vence no próximo dia 30, se o Sistema Único de Saúde (SUS) não reajustar também o valor repassado ao hospital pelo remédio. Loddo usou números do déficit orçamentário do HC para justificar o fim do fornecimento. Há cerca de um mês o hospital não recebe novos pacientes para o tratamento.

?Para nós o remédio sai cerca de R$ 9 mil. Não temos como bancar. E é uma medicação que temos que tomar para o resto da vida?, afirmou Krasinski. Segundo ele, o paciente não tem chances de sobrevida sem o Glivec, já que a doença evolui. ?E o risco de pegar outras doenças, como pneumonia e infecções, é muito grande porque o organismo fica sem autodefesa?, completou. O aposentado pegou a última dose do remédio ontem. E o mesmo deve acontecer com os outros pacientes na próxima semana.

Um pequeno grupo de pacientes que mora em Curitiba se reuniu na última quarta-feira para discutir o que fazer. Eles já procuraram a diretoria do hospital e estão contactando lideranças políticas para obter ajuda. ?O governo diz que a saúde está uma maravilha, mas quando se trata de medicamentos especiais, que são caros, há problemas. Estamos procurando órgãos federais também para tentar resolver?, reclamou o aposentado Sérgio Mazon Heimbecher, primeiro paciente a tomar o remédio no Brasil, em 2000.

O Ministério da Saúde informou a O Estado, na reportagem publicada ontem, que o Instituto Nacional do Câncer está revendo as portarias que garantem ?assistência aos portadores de leucemia com o objetivo de regularizar esta situação?. O ministério assegurou que ?o que aconteceu foi um aumento que o laboratório fez sem qualquer tipo de negociação?.

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