Córrego malcheiroso da capital vira trecho de livro

Córrego com cheiro ruim e reclamações de vizinhos não são novidade em Curitiba. Novidade mesmo é o malcheiro de um córrego virar trecho de livro. Foi o que aconteceu em O Brasil Não É um País Sério, de Carlos Dallegran, uma publicação independente. O Córrego Tarumã é citado em um dos capítulos.

Na obra, o autor conta várias histórias de peculiaridades que acontecem pelo Brasil. O ponto de partida é um grupo de amigos que se reúne num bar para contar histórias. Num desses capítulos, Dallegran cita uma carta escrita por um leitor curitibano, que foi publicada num jornal carioca. Por coincidência, o autor do livro também é morador do Jardim Social, em Curitiba. Na história, ele lembra dos problemas ocasionados pelo fedorento córrego aos moradores de um bairro classe A da chamada “capital ecológica”.

Dallegran citou a inauguração do Recanto Português, que passa por cima do córrego, feita pelo ex-prefeito da cidade Rafael Greca (PFL) com a presença de um presidente português. “Imagino a cena: todos cantando os hinos dos dois países com o nariz tapado…”, devaneou o autor. De maneira mais séria, Dallegran também critica o colunista de O Globo, Márcio Moreira Alves, ao elogiar o mesmo Greca, que, teoricamente, teria solucionado o problema do Córrego Tarumã.

A realidade

Distante da ficção, a vida real não revela nada diferente sobre o Córrego Tarumã. O militar da reserva Nélson Santos, que mora próximo ao fétido córrego, no Jardim Social, confirmou a versão do livro. “A água é suja e o fedor é insuportável. Além do cheiro de esgoto, que as pessoas de outros locais jogam, até pedaços de carne bovina e produtos químicos vindos de um frigorífico no Bacacheri aparecem no córrego à noite”, contou o morador. Ele disse que o cheiro diminui um pouco quando chove. “Mas quando esquenta não tem como agüentar. Somos obrigados a fechar todas as janelas”, reclamou. Santos salientou que os moradores do bairro só jogam seu esgoto na rede de tratamento, nunca no córrego.

Levantamento

Segundo a assessoria de comunicação da Secretária Municipal do Meio Ambiente (SMMA) deve ser iniciado ainda neste semestre um levantamento dos imóveis que têm ligação com o córrego. A idéia e descobrir quem joga esgoto no local e puni-los. Conforme a assessoria, trabalho semelhante foi feito e teve bons resultados nos anos de 97 e 98. Um projeto de educação ambiental também está sendo feito para os moradores da região.

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