Consumo de drogas começa cada vez mais cedo na capital

Cada vez mais cedo os jovens estão iniciando o contato com as drogas. Em Curitiba, uma pesquisa desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) mostrou que cerca de 10% dos jovens entre 10 e 12 anos já fizeram uso de algum tipo de droga na vida. Já entre os que tem mais de 18 anos, esse índice passa para quase 40%. Embora a idade de início venha se mantendo antes dos 12 anos,  não existem trabalhos de prevenção nessa faixa etária.

A avaliação é da professora e pesquisadora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Araci Asinelli da Luz, que compara a atual pesquisa, feita em 2004 com 1,8 mil alunos da capital com sondagens anteriores feitas nas décadas de 90 e 80. ?O que se percebe é que é na faixa etária entre 10 e 12 anos que se inicia efetivamente o contato com as drogas. E na minha vivência como educadora não conheço políticas voltadas para a prevenção junto às crianças de primeira a quarta séries?, disse. Uma das poucas iniciativas, comenta a educadora, é o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido pela Polícia Militar com alunos da quarta série. ?Mas eu vejo que esse deveria ser o papel do educador e não da polícia?, disse.

Um dado interessante apontado pela pesquisa é que o uso de tabaco na vida dos jovens caiu para 25,7% na última pesquisa, contra 47% em 1997. Araci acredita que isso pode ter influenciado a mídia, pois hoje existem restrições à publicidade do cigarro. Por isso ela entende que, se medidas semelhantes fossem adotadas em relação às propagandas de bebidas alcoólicas, o resultado também poderia ser positivo. A pesquisa mostrou ainda que o uso freqüente de álcool também apresentou uma queda, de 18,6% para 13%. Porém, a pesquisadora faz um alerta, que essa droga pode estar sendo substituída por outras, como anfetaminas e ecstasy.

O levantamento mostrou ainda que o uso feito no último ano foi maior entre as meninas. Uma diferença de 23,7% para elas, contra 20,7% entre os meninos. Elas admitem mais o uso de anfetaminas e álcool, enquanto eles, drogas como maconha e crack. Para Araci, isso pode representar uma busca equivocada pela igualdade de gênero, pois confundem as condições fisiológicas com direitos. ?As mulheres são mais suscetíveis ao uso em função da sua fisiologia, e por isso têm o efeito mais rápido e potencializado?, finalizou.

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