Cirurgia de coração dura 51 horas em Londrina

O gerente de vendas Onivaldo Cassiano, portador de um aneurisma de aorta, deu entrada no centro cirúrgico do Hospital Evangélico no município paranaense de Londrina, às 7h30 do dia 28 de julho para um procedimento de certa forma rotineiro para o cirurgião cardíaco Francisco Gregori Júnior. Ele trocaria a aorta por um tubo de pericárdio – material que reveste o coração – bovino, além da colocação de uma ponte de safena. No entanto, um distúrbio na coagulação fez com que a cirurgia demorasse 51 horas. Nesse período foram necessárias cerca de 400 unidades de sangue, plasma e plaquetas: todo o sangue do paciente foi trocado pelo menos 20 vezes.

Segundo o médico, a cirurgia principal não demorou mais do que três horas. O sangramento seria normal. Gregori Júnior disse que já chegou a observar a não coagulação por até 10 horas. Mas, no caso de Cassiano, foi mais violento. “Tudo o que me foi sugerido tinha feito, revisamos tudo, mas o sangramento era difuso, do osso, do tecido mole, da pele, de tudo”, afirmou. “Tentamos de tudo, queima, compressas, suturas.” Depois de 24 horas, a equipe composta por quatro cirurgiões e três residentes conseguiu parar o sangramento.

O paciente teve o tórax fechado, mas assim que chegou à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) começou tudo de novo. Imediatamente, ele retornou à sala de cirurgia, foi novamente aberto e, para não provocar mais danos, o sangue foi transferido para um coração artificial. “O que me animava era que o paciente estava vivo”, disse Gregori Júnior. “Fui suturando e colando as centenas de pontos”, disse.

Quando foi desligado o artificial, o coração voltou a funcionar, mas continuava com um pouco de sangramento. “Não tinha mais o que fazer, por isso ficamos por mais de 10 horas nos revezando com compressas”, disse. “Depois de 50 horas do início dos procedimentos, ele deu sinais de coagulação, coincidindo com a entrada de sangue fresco no organismo.” A equipe esperou mais uma hora para fechar o tórax e levar o paciente para a UTI.

Supercola

Agora, o paciente, de 49 anos, já circula pelo quarto. “Nesses casos, o rim, o fígado e os pulmões pagam o pato, mas ele vem sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar e tem praticamente quase tudo resolvido”, afirmou o cirurgião. Há 11 anos, na falta de uma cola apropriada, o mesmo médico utilizou Super Bonder para estancar o sangramento em uma paciente.