Chegam ao zoo animais que precisam de cuidados

A recente chegada de uma filhote de puma, sobrevivente de um atropelamento em Goiás, confirma a vocação do Zoológico de Curitiba como centro de resgate de animais em risco. Dos aproximadamente 1,5 mil animais do acervo, 30% vieram de apreensões e não têm condições de se readaptar ao habitat natural.

“O sentido maior do zoo não é o de exibir animais, mas de promover educação ambiental e reflexão sobre a importância da proteção animal”, explica o diretor do departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Alexander Biondo.

Entre muitos outros exemplos do acervo, ele cita o leão Simba, que foi resgatado de um circo e não tem a ponta da cauda, e o tigre de bengala Shogun, doado ao Zoo pelo parque Beto Carrero e que apresenta problemas na coluna.

Há ainda uma família de pumas que pertencia a um cativeiro doméstico em São José dos Pinhais, uma arara que teve as asas destroncadas, um falcão com problemas de visão e um gato do mato que foi abandonado no Zoo, além de centenas de outros tristes exemplos.

“Usamos estes casos para mostrar às pessoas a importância da proteção animal”, explica Biondo. O Zoológico conta com um centro de Educação Ambiental que promove atividades para os visitantes e estudantes.

Biondo explica que grupos escolares visitam diariamente o Zoológico. Além disso, os estudantes da Rede Municipal de Ensino participam dos acantonamentos que acontecem no local. A cada fim de semana, um grupo de 30 alunos participa da atividade, que tem foco na educação ambiental. 

Inaugurado em 28 de março de 1982, o Zoológico de Curitiba é um dos maiores e bem conceituados do Brasil, com uma área de 530 mil metros quadrados. A visitação é gratuita e a média de público tem sido de aproximadamente 600 mil visitantes ao ano.

Novo morador

A filhote de puma que chegou nesta semana a Curitiba está abrigada num setor reservado do Passeio Público. Em fase de amamentação e adaptação, ela deverá ser transferida ao Zoológico provavelmente apenas dentro de dois ou três meses.

No Zoo, ela será permanentemente monitorada, mas dificilmente poderá retornar à vida selvagem. A difícil readaptação ao habitat natural se daria, entre outros motivos, porque a puma não aprendeu a caçar, o que acontece nos primeiros meses de vida do animal, e ficaria vulnerável a vários riscos.

A filhote foi encontrada durante o processo de colheita na Usina Cerradinho, em Chapadão do Céu, Goiás. Ela foi recolhida ferida, após ser atingida por uma colheitadeira e, posteriormente, encaminhada ao Centro de Recepção de Animais Selvagens (Cras) de Mato Grosso do Sul.

No início de junho, a puma veio transferida para Curitiba, junto de quatro papagaios galegos, após o Zoológico enviar ao Cras o jacaré que foi capturado no Parque Barigui no fim do ano passado. Todas as transferências foram autorizadas pelo Ibama-PR. O jacaré foi solto numa fazenda de turismo do Pantanal sul-matogrossense, de onde é nativo, e a sua readaptação ao Pantanal deverá ocorrer sem dificuldades.

Durante cinco meses, o Zoológico de Curitiba atuou como fiel depositário do animal, abrigando-o provisoriamente até que se identificasse a melhor alternativa para ele. “Os outros dois jacarés que vivem no Zoo também são machos, portanto, ele não poderia ser colocado no mesmo recinto de nenhum deles”, informa a chefe da Unidade de Zoológicos da Prefeitura, Tereza Cristina Castellano Margarido. O jacaré é da espécie Caiman yacare ou jacaré-do-pantanal.