Paralisações

Chega a 500 o número de escolas ocupadas no Paraná

Subiu para 500 o número de escolas ocupadas pelos estudantes que protestam, entre outras medidas, contra a MP 746, que trata da reforma do ensino médio, proposta pelo governo federal. Divulgado pelo movimento Ocupa Paraná nesta segunda-feira (17), mesmo dia em que teve início a greve dos professores estaduais, o levantamento aponta que 23,8% das 2,1 mil escolas do estado estão ocupadas pelos estudantes – outras 440 estão fechadas pela greve.

As ocupações já atingiram mais de 110 municípios do Paraná desde que tiveram início, no último dia 3 de outubro. Entre as cidades com o maior número de instituições ocupadas estão Curitiba (77), Cascavel (28), Londrina (24), Ponta Grossa e São José dos Pinhais, ambas com 22 escolas.

“É um movimento muito grande. Temos 500 escolas [ocupadas] em menos de duas semanas. Os estudantes estão conseguindo mostrar para a sociedade que são organizados, que sabem discutir”, avalia Matheus dos Santos, presidente da União Estadual dos Estudantes Secundaristas (UPES).

Ainda de acordo com ele, a união está solicitando aos estudantes nas escolas ocupadas que escolham os representantes que irão participar de uma assembleia estadual, que deverá acontecer ainda nesta semana. Neste encontro serão definidos os integrantes da comissão que ficará encarregada de dialogar com o governo do estado sobre as ocupações.

A mobilização dos estudantes é contra a Medida Provisória (MP) 746, que prevê mudanças no ensino médio como a transformação da jornada diária de quatro horas para sete horas e a flexibilização do currículo por meio da escolha das disciplinas dentro de cinco diferentes ênfases (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e cursos profissionais). Os estudantes também são contrários à PEC 241, que limita os gastos do governo federal.

Recesso
No último domingo (16), o governo do estado decretou recesso de cinco dias, a partir desta segunda-feira (17), para todas escolas ocupadas pelos estudantes. A reposição desses dias, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), será realizada entre o Natal e o Revéillon (dos dias 22 a 28 de dezembro).

O governo também disse que irá pedir ao Ministério Público, ao Conselho Tutelar e ao Poder Judiciário que visitem as escolas ocupadas no estado.

Na coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (17), o presidente da APP Sindicato disse que a classe repudia este calendário que, na avaliação dele, é uma medida autoritária do governo para intimidar a categoria e afetar os alunos, pais e mães.

“Ao propor este calendário, o governo desrespeita um compromisso, que foi o de que as escolas teriam autonomia em relação ao calendário. É inadmissível impor que os alunos estudem no período do Natal, porque isso impacta diretamente na família. É uma tentativa de expor o sindicato à opinião pública, quando nosso movimento é por uma pauta legítima, contra a retirada de direitos”, completou Leão.