Centro de atendimento a alunos especiais em Maringá ameaçado de encerrar as atividades

Há quase 20 dias, pais, professores e direção da Associação Norte Paranaense de Reabilitação (ANPR), em Maringá, vêm se sentindo ameaçados. Eles temem que a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva, venha tirar dos 220 alunos o direito de ter uma atenção mais ?especial? e necessária. Sem saber qual será o destino do centro, que presta também atendimento educacional, eles cobram esclarecimento.

Segundo pais e professores, a proposta nacional seria que o centro prestasse apenas o atendimento de reabilitação para as pessoas com deficiência física motora grave e outras associadas. Ou seja, que deixasse de ser também centro educacional. A idéia é inserir os alunos nas escolas regulares. Mas é exatamente onde está a preocupação.

De acordo com a fisioterapeuta da ANPR, Jociely Mota, na instituição muitas das crianças não têm condições de estarem em uma escola regular. ?Aqui, a equipe trabalha associada aos professores nas salas de aula. Minha preocupação é que essas crianças ficarão sem esse atendimento e não conseguirão evoluir, por falta de acompanhamento necessário?, diz a profissional.

São crianças em cadeiras de rodas; algumas que precisam de fraldas; outras que se alimentam por sonda. ?Na escola especial existe uma relação entre professor e profissionais da saúde que cuidam dessas necessidades, mas como seria no ensino regular??, questiona a fisioterapeuta. Segundo ela, se a inserção for obrigatória, o risco de muitas dessas crianças ficarem em casa é grande.

Para a diretora da ANPR, Ednéia Benitto, a inclusão dos alunos já acontece. Em 2006, oito alunos passaram para o ensino regular. Segundo ela, esse é um processo que deve ser feito com responsabilidade. ?Estamos pensando em como essas escolas receberão nossos alunos. Temos que colocá-los no ensino regular com responsabilidade para que não retornem?, afirma. Ainda, segundo a diretora, um abaixo-assinado foi encaminhado ao MEC e deve chegar esta semana.

Irene Guimarães é mãe do aluno Gabriel, de sete anos. ?Ele nasceu prematuro, teve infecção hospitalar, parada respiratória e derrame. O caso dele é grave, mas ele precisa tanto do tratamento de saúde da ANPR quanto da escola. Ele hoje está muito melhor devido aos estímulos que teve na instituição. Como ele nem senta, ele não tem condições de ir para uma escola normal?, conta a mãe. Ela não acredita que as escolas regulares estão preparadas para receber o filho Gabriel e outras tantas crianças. Preocupada com o futuro dessa questão, ela pede esclarecimento.

Lembrando que a proposta ainda não está fechada, a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC) afirma que esse temor é desnecessário e tem base em informações deturpadas. Hoje, a Secretaria de Educação Especial prometeu esclarecer as dúvidas da ANPR.

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