Catadores aprendem a ler e escrever no CMTU

Londrina – Desde o início de setembro, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina oferece aos integrantes do programa de coleta seletiva “Reciclando Vidas”, organizado pela companhia, curso de alfabetização para adultos. Participam das aulas, que ocorrem nas segundas, quartas e sextas, das 15h às 17h, e nas terças e quintas, das 14h às 17h, 22 catadores de lixo. A atividade ocorre na sede da Limpeza Pública da CMTU (rua professor João Cândido, 1.028 – centro) e conta com apoio do governo do Estado, Universidade Estadual de Londrina e Rotary Club.

De acordo com José Paulo da Silva, coordenador da Coleta Seletiva da CMTU, o curso surgiu da necessidade de capacitar os membros do programa não só para o trabalho que desenvolvem, mas também para a vida. Ao todo, participam das aulas 22 pessoas, com idades entre 18 e 62 anos, divididas em duas turmas. A capacitação faz parte do programa estadual “Paraná Alfabetizado”. Para ministrar as aulas, a CMTU conta com os trabalhos de quatro professoras, uma do Estado e três do Rotary Club.

Segundo Ivani Vaquero, uma das professoras, a ênfase da alfabetização é no ensino do português, como forma apenas de preparar os alunos para que escolham, depois de alfabetizados, por qual método desejam continuar os estudos do ensino fundamental, que abrange ainda a matemática e as ciências. “Queremos, primeiramente, despertar a auto-estima dos alunos e despertá-los para a escrita”, a professora. De acordo com ela, existem dificuldades, tanto para o aluno quanto para o professor, porém, o resultado compensa qualquer tipo de esforço. “As dificuldades encontradas são pertinentes à situação socioeconômica e pela idade dos participantes, porém, o resultado é muito gratificante, para alunos e professores.” Os alunos receberam, para freqüentar as aulas, material didático completo, com caderno, lápis, caneta, pasta, lápis de cor, papel craft, régua, entre outros. O material foi doado pelo Rotary.

A CMTU ainda disponibiliza um veículo, utilizado para o transporte dos alunos até a sala de aula. Para a catadora Valdete Marques, de 45 anos, o curso é de extrema importância, já que ela nunca freqüentou a escola e não sabe escrever o próprio nome. “Acho o curso muito importante e já sinto a diferença no trabalho e em casa”, disse ela. Quem também está satisfeito é André Luis das Chagas, de 18 anos. Trabalhando no setor da coleta seletiva há cerca de um ano, André diz ter encontrado no curso a possibilidade de reaprender a ler e escrever. “Eu fiz até a 5ª série, mas faz muito tempo que parei e não lembro de nada. Estou aprendendo tudo de novo.”

Voltar ao topo