Caps Álcool e Drogas de Londrina atende usuários em nova sede

"Sem a ajuda do Caps, provavelmente eu estaria bêbado agora." A afirmação é de J.F., de 51 anos, que recebe o atendimento do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Londrina, há um mês. Ele é trecheiro (viajante que não se fixa num ponto específico) e afirmou que sempre procura o serviço do Caps nos municípios que passa. "Já estive em Brasília (DF), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Blumenau (SC) e outras cidades. Sempre fui muito bem recebido pelo pessoal do Caps e da Toca de Assis", elogiou.

J.F. contou que, quando tinha 15 anos, se envolveu com drogas e álcool. "Comecei com a maconha e a beber ainda adolescente. Depois, procurei drogas mais fortes e não consegui parar", argumentou. Ele é natural de Santa Maria do Oeste (PR), disse que o vício o fez perder todo o vínculo com os familiares. "Como não tinha com quem me preocupar, comecei a viajar pelo país, sempre acompanhado pelas drogas e o álcool", completou.

O trecheiro explicou que com o atendimento e a ajuda dos profissionais que integram o Caps, ele consegue ficar um bom tempo sem usar drogas – sendo ilícitas ou não. "O centro faz um trabalho terapêutico que mantém a minha cabeça ocupada. Com isso, consigo controlar melhor o meu vício", justificou.

Segundo o coordenador técnico do Caps A/D, o psicólogo Sérgio Belon, J.F. é uma das 40 pessoas que procuram a ajuda do centro semanalmente, no novo endereço, no jardim Mediterrâneo. Ele afirmou que com a mudança para a nova sede (rua Otaviano Félix, nº 65), o número de atendimentos aumentou significativamente. "O Ministério da Saúde preconiza o trabalho em uma área mais central, para que mais interessados procurem o auxílio do Caps", acrescentou.

A transferência do centro foi oficializada nesta terça-feira (dia 10) com um café da manhã. A confraternização foi realizada no próprio local e contou com a presença do prefeito Nedson Micheleti e da secretária municipal de Saúde, Marlene Zucoli. O Caps funciona há cerca de um mês na nova sede. Segundo a secretária, o local foi bem aceito pelos usuários. "Neste novo local há uma infra-estrutura adequada para atender mais usuários e devemos terminar algumas melhorias para que o trabalho volte a ser realizado normalmente", observou Marlene Zucoli.

Rede de assistência

De acordo com o psicólogo, o serviço feito pelo Caps A/D é articulado, junto a uma rede pública de assistência. "Trabalhamos integrados com os centros de referência de assistência social (Cras); o Caps III; o programa Sinal Verde, várias entidades sociais e filantrópicas. Além do atendimento, encaminhamos pessoas que precisam de outros tipos de auxílio", destacou.

Belon explicou que a ajuda feita no Caps A/D depende de um processo de triagem, realizado inicialmente com o interessado. "A partir da chegada do usuário, realizamos um processo de acolhida e traçamos um projeto terapêutico individual para cada pessoa, que é discutido com cada um, para dar seqüência ao tratamento", afirmou.

Ele disse que o Caps funciona desde 2005 com o atendimento, que busca ações de redução de danos. "Nosso trabalho é realizado na perspectiva de reintroduzir o usuário de drogas e álcool na sociedade. É o resgate da cidadania através da busca da autonomia e do controle do uso de substâncias químicas, para que a pessoa adquira consciência", completou.

Segundo Belon, o auxílio feito pelo centro é composto pelo trabalho de profissionais, como terapeutas, psicólogos, assistentes sociais e médicos. Além disso, ele afirmou que são oferecidas atividades paralelas como terapia comunitária, oficinas para aprendizagem de confecção de velas, tear, reciclagem, e outros trabalhos artesanais. "Com isso, o usuário aceita melhor o tratamento", complementou.

Diferentemente do usuário J.F., o funcionário público M.R., de 36 anos, tem residência fixa em Londrina e participa do trabalho do Caps A/D há seis meses. "Tenho problemas com o alcoolismo há mais de cinco anos e, de 2007 para cá, as coisas se agravaram. Fui aconselhado por colegas do trabalho a procurar ajuda e encontrei o Caps", argumentou.

M.R. é casado e tem dois filhos e, segundo ele, a ajuda recebida no Caps influenciou positivamente no relacionamento com a família. "O vício é prejudicial para você e para as pessoas que gostam de você. A relação com os meus familiares estava muito prejudicada e o atendimento que recebo me ajudou a melhorá-la", destacou. O funcionário público explicou que está conseguindo controlar o vício, mas que a sua meta é parar de vez com o alcoolismo. "Pretendo ficar aqui até parar de beber. Depois, volto a trabalhar e a viver normalmente", garantiu.

Serviço

Caps AD
Rua Otaviano Félix, nº 65, jardim Mediterrâneo
Atendimento de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h
(43) 3379-0877

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