Calçadas são um martírio para os deficientes físicos

A lei que trata da acessibilidade de pessoas deficientes foi regulamentada em 2004, mas até agora pouca coisa foi feita. A avaliação é do presidente da Associação de Deficientes Físicos do Paraná, Mauro Nardini. Segundo ele, Curitiba ainda tem uma série de obstáculos que dificultam a locomoção, entre eles calçadas irregulares e prédios públicos sem rampas.

Para a maioria das pessoas ir ao trabalho ou sair para passear é uma atividade simples. Mas para os portadores de deficiência física sair de casa pode virar um martírio. Para Nardini, as calçadas, escorregadias e irregulares, são os principais obstáculos, dificultando a passagem e causando acidentes. ?O ideal são aquelas feitas com bloquinhos de concreto. Mas ainda são bem poucas na cidade?, comenta.

Segundo Nardini, em Curitiba cerca de 73 mil deficientes físicos sofrem com o problema, sem mencionar os deficientes visuais. Vulneráveis também estão os idosos. Além das calçadas, Nardini diz que os elevadores nas estações-tubo vivem quebrados e os deficientes que precisam do serviço têm que ser carregados por outras pessoas, causando constrangimento. Outro problema seria a falta de capacitação de motoristas e cobradores. ?Eles não se prontificam a ajudar. Não pedem para que as pessoas saiam do boxe destinado a cadeira de rodas dentro dos ônibus?, reclama Nardini.

Ele também coloca nesta lista prédios de caráter público que não estão preparados para receber os portadores de deficiência. Muitos não possuem rampas ou quando elas existem, são inadequadas. Banheiros públicos adaptados são outro problema. A cada quatro horas os coletores de urina precisam ser esvaziados e um passeio mais demorado ao centro da cidade pode ser muito constrangedor.

Com o Plano de Mobilidade e Transporte Integrado que está sendo elaborado pela Prefeitura de Curitiba, em conjunto com a sociedade, esta situação pode mudar. Segundo o diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Ricardo Bindo, com o plano será feito um diagnóstico da realidade, através da discussão de vários temas ligados ao transporte. A partir daí vão ser elaboradas políticas públicas. Por enquanto, a Prefeitura vem colocando em prática um projeto de revitalização de calçadas. A Rua José Loureiro já foi atendida e daqui a pelo menos um mês, será a vez da Avenida Marechal Deodoro, ambas no Centro da cidade. Mas Nardini ainda vê problemas no projeto. Uma parte das calçadas vai manter o petit-pavet – as pedrinhas brancas e negras que formam desenhos – para preservar a memória da cidade. Mas o presidente da associação afirma que o material vai continuar fazendo vítimas.

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