BR-277 transformada em ?refeitório?

Enquanto se arrasta a briga entre a administração do Porto de Paranaguá e os cantineiros que atuavam no local, muitos caminheiros estão fazendo suas refeições à beira da BR-277. Funcionários de restaurantes estão comercializando marmitas e bebidas para os motoristas. Alguns chegam a fazer o transporte dos clientes até o estabelecimento comercial.

O garçom do Posto Cupim, Márcio Borba, afirma que faz uma média diária de 15 viagens, da entrada do porto até o restaurante, no horário do almoço; e outras sete viagens à noite. ?Os caminhoneiros ligam para nós e mandamos o carro para buscar e levar?, disse, afirmando que o serviço não tem custo. Apesar de confirmar que o movimento no restaurante aumentou depois que as cantinas foram fechadas, o garçom acha que a situação dos motoristas não é confortável.

E o caminhoneiro Vilson Schvanz confirma isso. ?Cheguei ontem à noite de Cascavel e não tinha nada para comer. Tive que esperar amanhecer para procurar comida na beira da estrada?, reclamou. Segundo ele, as cantinas instaladas no pátio do porto traziam mais comodidade e segurança para os trabalhadores.

Vindo de Campo Grande (MS) com a esposa e o filho de 4 anos, Deoberto Rodrigues Pereira afirma que o fechamento das cantinas foi uma falta de respeito com os caminhoneiros. ?Eu viajo com a família e trago comida, mas quando preciso de um refrigerante para a criança preciso deixar eles sozinhos no pátio e vir até a estrada. Isso ficou muito difícil?, falou.

Protesto

Os cantineiros retirados do porto voltaram a fazer ontem uma manifestação em Paranaguá, fechando por cerca de duas horas a rodovia. Eles queimaram pneus e bloquearam a estrada, o que provocou um congestionamento de cinco quilômetros. O ex-cantineiro João Alberto Passos disse que o protesto visa chamar a atenção da comunidade para a situação da categoria. ?Nós dedicamos mais de 20 anos de trabalho dentro do porto e fomos despejados sem possibilidade de acordo?, falou. Já o advogado que representa os cantineiros, Lorivaldo da Silva Júnior, garante que a liminar expedida pela Justiça para a retirada das cantinas não é legal, já que não houve uma audiência de conciliação entre as partes.

O processo de retirada dos cantineiros do pátio do Porto de Paranaguá se arrasta há mais de dois anos. Em fevereiro deste ano, a administração do porto conseguiu na Justiça a autorização para a demolição das cantinas. Novas instalações padronizadas estão sendo construídas e os espaços serão licitados. Sobre a venda de comida na beira da rodovia, o porto afirmou que essa é uma situação temporária, e que atinge poucos caminhoneiros, já que grande maioria traz o seu próprio alimento.

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