Bolsão de ar dispara medidores de água

A suspeita de que a presença de bolsões de ar nas tubulações de água estaria fazendo com que os relógios medidores de consumo presentes nas casas disparassem, influenciando no valor das tarifas, vem sendo uma preocupação constante da população nos últimos anos. Ontem, no Hotel Sheraton Four Points, em Curitiba, especialistas se reuniram para discutir o assunto durante o 16.º Encontro Nacional de Empresas de Saneamento Básico (Enadesb 2002).

O procurador-geral da Sanepar, José Luiz Costa Taborda Rauen, afirma que a idéia de que bolsões de ar são constantes nas tubulações não é verdadeira. “Há muitos anos, em todo Brasil, as companhias de saneamento contam com engenheiros capacitados e capazes de prever a presença de bolsões já na realização dos projetos das redes de abastecimento de água”, declara. “Para evitar que os bolsões cheguem aos consumidores e influenciem na medição, a legislação exige que sejam instaladas ventosas, que retiram o ar presente na água, em determinados pontos da rede.”

Segundo o advogado da coordenadoria de Direito Constitucional e do Consumidor da Procuradoria Jurídica da Sanepar, Tadeu Rzniski, os bolsões podem se formar apenas quando são realizados trabalhos de manutenção corretiva ou preventiva na rede e, dependendo da topografia da cidade, quando há desabastecimento. “Mesmo assim, devido à presença das ventosas, é muito difícil o ar chegar até o consumidor final”, diz. “Se a pessoa desconfiar de eventual consumo exagerado, deve avisar a empresa responsável e exigir uma verificação. A empresa vai fazer um monitoramento e, se forem verificadas anomalias, realizar um refaturamento da conta.”

Tadeu alega que a idéia de que a presença de bolsões nas tubulações surgiu quando uma empresa de Londrina começou a vender um aparelho que, instalado antes do hidrômetro, evitaria que o ar chegasse ao medidor e influenciasse na tarifa. “As pessoas não precisam desse aparelho, pois as ventosas presentes na rede já impedem que o ar chegue até eles”, comenta. “O equipamento, por ter um orifício de contato com o ambiente externo, pode inclusive contaminar a água tratada da rede pública, causando sérios problemas à população”.

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