Barreira não evita que óleo se espalhe pela baía

 Chuniti Kawamura / O Estado
oleo2241104.jpg

As esquipes concentram esforços
no ponto zero do acidente.

O óleo que continua vazando do navio chileno Vicuña – que explodiu há nove dias no terminal privado de produtos químicos no Porto de Paranaguá – está passando as barreiras de contenção e, novamente, se espalhando pela baía. A situação foi verificada no início da manhã de ontem por equipes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que sobrevoavam a área. Inicialmente, se pensou que seriam novas manchas de óleo que surgiram devido às rachaduras na embarcação encalhada, ou sobras de óleo que ficaram retidas nos escombros do navio.

De acordo com o chefe regional do IAP de Paranaguá, Sebastião Carvalho, a situação foi apresentada para a empresa responsável pela contenção no chamado ponto zero – aonde se encontra o navio. Devido ao problema, o número de embarcações de contenção no local triplicou. "Nós temos que concentrar os trabalhos no ponto zero, porque do navio não se pode deixar o óleo vazar mais para a baía", disse. Ele comentou que ontem diversas carretas com material de contenção e absorção chegaram em Guaratuba, o que deve dar um incremento nos trabalhos nos próximos dias.

Hoje, o IAP fará uma nova coleta de água para análise físico-química, que pode comprovar a presença de óleo. Além dos dez pontos mais afetados pelo acidente, também serão coletadas amostras nas praias de Matinhos e Guaratuba. No domingo, o IAP faz a segunda coleta de material para a análise de balneabilidade do litoral. O resultado deve ser divulgado até dia 15 de dezembro, com a média de três coletas. Hoje, o IAP também deverá cercar com material absorvente – conhecido como pompom – a vegetação que fica na beira do mar, nos chamados marismas. Esses locais estão impregnados de óleo e se tornam mecanismos de constante poluição. Não está descartada a poda dessa vegetação.

Federal

O Ministério Público Federal já nomeou um procurador para acompanhar as investigações sobre o acidente envolvendo o navio chileno, mas o nome ainda não foi divulgado. Algumas medidas administrativas já foram tomadas, como a notificação de alguns órgão envolvidos – como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), IAP, Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Corpo de Bombeiros e a empresa Cattalini -para que passem informações sobre o incidente. De posse dessas informações, o MP irá decidir qual a medida cabível no caso.

O Instituto Médico-Legal (IML) de Paranaguá ainda não conseguiu identificar de quem seriam as partes de um corpo encontradas nos escombros do navio, nem mesmo pelas radiografias da arcada dentária. Amostras de fios de cabelo e fragmentos da parte óssea foram encaminhadas ao IML de Curitiba para a realização de um exame de DNA. O resultado deve sair em uma semana. Dois tripulantes continuam desaparecidos: o argentino Alfredo Omar Vidal e o chileno Ronald Pena Rios.

Gato-mourisco é encontrado no litoral

Um gato-mourisco, espécie rara de gato do mato, foi localizado ontem no canal da Cotinga, área atingida pelo vazamento de óleo do navio Vicuña. O animal foi entregue por populares na sede do Ibama de Paranaguá. Depois de passar por uma série de exames, o gato foi solto na Floresta do Palmito.

De acordo com informação do Ibama, o gato-mourisco está ameaçado de extinção e a informação que ele estava livre de contaminação deixou a equipe de resgate contente. Dos 54 animais encontrados no litoral, apenas 9 estavam vivos, entre os quais, sete aves – biguás e atobás. Esses animais estão passando por um acompanhamento na sede do Ibama, e hoje devem passar por um processo de limpeza para a retirada do óleo. Depois desse processo, eles serão devolvidos à natureza.

São Paulo

Durante uma verificação na Ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo, técnicos do IAP constataram algumas borras de piche na areia. O chefe do IAP, Sebastião Carvalho, comenta que esse material pode ter sido trazido por qualquer embarcação, descartando que óleo proveniente da explosão do navio chileno tenha atingido águas paulista. Durante a inspeção, eles encontraram uma tartaruga morta que apresentava algumas manchas de óleo na pele. O animal foi trazido para Paranaguá e entregue para técnicos do Ibama fazerem a autópsia. (RO)

Empresa nega contratações

A empresa Cattalini Terminais Marítimos negou ontem que estaria contratando mão-de-obra para atuar na limpeza das baías de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba. A informação teria sido divulgada erroneamente por um jornal de Curitiba e causou transtornos para a empresa, que precisou dispensar diversas pessoas que foram e ligaram para a sede da Cattalini, em Paranaguá.

Prejuízos

O sindicato que representa os comerciantes do litoral do Paraná (Sindilitoral) deve divulgar hoje um relatório sobre os prejuízos no setor. O superintendente do sindicato, Fábio Aguáryo, confirmou que no último final de semana o movimento nas praias caiu cerca de 70%. Ele disse ainda que a entidade estará ingressando com uma ação por perdas e danos contra as empresas envolvidas no acidente. (RO)

Voltar ao topo