Avestruz com quatro patas nasce no Paraná

Dois médicos veterinários de Curitiba estão estudando um fenômeno raro: o nascimento de um avestruz com duas colunas cervicais e quatro patas. O animal nasceu somente com um pescoço e uma cabeça. É um caso de teratópagos (gêmeos siameses). Já seria raro o nascimento de gêmeos em aves. No entanto, a situação é ainda mais peculiar diante da divisão incompleta de grupos celulares, que quase resultou em dois corpos diferentes. O avestruz chegou a quebrar a casca, mas não resistiu.  

O animal nasceu na propriedade Paranavestruz, em Rio Negro, no sudeste do Estado, do médico veterinário José Leônidas Wagner, na semana passada. No local, também funciona uma incubadora para esses animais. Ele se aliou ao também médico veterinário e geneticista da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Ênio Moura, para estudar o fenômeno. Ele explica que o nascimento de gêmeos idênticos em aves é muito incomum, ainda mais em animais de grande porte, como é o caso do avestruz.

Moura realizou um levantamento preliminar sobre nascimentos de bichos com essas características. Encontrou apenas um caso de nascimento de gêmeos que nasceram separados e completos. Também detectou um caso de emu – animal com origem australiana e do grupo das ratitas, o mesmo do avestruz – que nasceu com os dois corpos unidos. ?É possível que existam outros casos, mas eles não foram documentados. De qualquer maneira, são muitos raros?, afirma.

O fenômeno acontece após uma separação tardia da massa celular formada dentro da gema do ovo. Se a divisão do grupo de células já formadas – resultando em dois grupos diferentes, que vão dar origem a dois animais diferentes – acontecer ainda no início de todo o processo, nascerão bichos completamente formados e separados. Caso a divisão demore um pouco mais e não ocorra totalmente, os animais ficam unidos. As partes que conseguiram se separar se desenvolvem como se fossem gêmeos, mas o mesmo não acontece no local onde os animais permaneceram juntos.

Na semana que vem, Wagner e Moura vão fazer a necropsia do animal para verificar as alterações internas. Todos os dados colhidos serão encaminhados para revistas científicas. Wagner ainda possui todas as informações sobre a procedência do animal e onde estão seus pais, por exemplo, para um posterior estudo genético. O corpo do avestruz vai permanecer congelado para futuras pesquisas.

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