Avança pesquisa de vacina contra HPV

Pesquisadores estão começando a terceira fase de estudos com a vacina contra HPV, vírus que pode ocasionar câncer no colo do útero. A primeira fase, iniciada há mais de dez anos, foi a das pesquisas com a vacina contra a infecção pelo papilomavírus (HPV) com animais nos laboratórios. Na segunda fase, que começou em 2000, já foram vacinadas 1,1 mil mulheres, entre 15 e 25 anos, nos três países americanos envolvidos – Canadá, Estados Unidos e Brasil, onde apenas três instituições participam das pesquisas: Unicamp, Hospital das Clínicas de Porto Alegre e Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, que vacinou 108 mulheres.

Agora os hospitais envolvidos começam com a terceira fase da pesquisa, que tem duração de dois anos, dessa vez com mais pacientes voluntárias e mais países envolvidos, entre eles os da Ásia e Europa. O HC de Curitiba espera vacinar outras 400 mulheres. ?Ampliou-se o número, ou seja, visa avaliar a segurança e efetividade com um maior número de pacientes?, explica o coordenador da pesquisa do HC, o ginecologista e professor da UFPR, Newton de Carvalho.

Sobre os possíveis resultados da vacina contra o HPV, já na fase anterior foram identificados. ?A vacina foi eficaz e segura contra os dois principais tipos de vírus do HPV, o 16 e o 18. Nenhuma das 1,1 mil mulheres vacinadas contraiu a doença e nenhuma teve qualquer reação ao medicamento?, explica o médico. As pacientes que se prontificaram a receber a vacina na segunda fase confirmam essa eficácia. ?Para mim foi tranqüilo, como se não tivesse tomando nada?, conta a estudante de Direito Marcela Benevides Sales, de 21 anos. ?Não tive qualquer reação?, conta Estela Freitas, de 22 anos, que afirmou ter tomado conhecimento da pesquisa em seu colégio.

Outra diferença dessa terceira fase da pesquisa, além do número, é a vacina de Hepatite A, que também será disponibilizada para as voluntárias. ?Sempre esses projetos têm de ter um controle. Na fase anterior tínhamos o placebo, agora para beneficiar as pacientes resolvemos vacinar também contra hepatite. Um grupo receberá a vacina contra o HPV e outro grupo contra a hepatite para haver a comparação. No final haverá uma vacinação cruzada e quem não recebeu uma receberá?, explica Newton de Carvalho. Passados os dois anos dessa terceira fase, a próxima etapa será a comercialização da vacina, que segundo estima o médico ginecologista do HC, garante a redução de cerca de 80% dos casos de HPV.

Benefícios

As interessadas em participar como voluntária da pesquisa devem entrar em contato com o HC e verificar os critérios exigidos, entre eles a idade entre 15 e 25 anos – idade considerada de maior número de mulheres que contraíram HPV – e nunca ter contraído o vírus do HPV nem a Hepatite A. Entre os benefícios garantidos às voluntárias estão a disponibilidade de pílulas anticoncepcionais, atendimento freqüente em nível de consultas ginecológicas particulares, exames sofisticados contra várias doenças sexualmente transmissíveis, além de auxílio alimentação e transporte no valor de R$ 30 e as próprias vacinas, como explica o coordenador da pesquisa no HC de Curitiba.

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