Aumento da expectativa de vida influencia criação de políticas para o idoso

A população idosa do Paraná quadruplicou nas últimas três décadas. Segundos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2006, em 1970 existiam 260.701 idosos no Paraná, que correspondiam a 3,76% da população do Estado. Já em 2006, o percentual da população com mais de 60 anos representava 9,84% da total do Estado: 1.023.925 idosos. O aumento da longevidade brasileira é um fenômeno que apresenta novos desafios para o Estado, sociedade e família.

Para mobilizar a sociedade por meio de ações preventivas, e conscientizar sobre a importância do envelhecimento saudável e da construção de uma política pública voltada à terceira idade, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) realizou nesta quinta e sexta-feira (27 e 28), o seminário "Fortalecendo os Conselhos de Direito do Idoso", que reuniu especialistas para discutir os direitos do idoso e a importância dos Conselhos para os idosos.

De acordo com a coordenadora do núcleo executivo do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, Carla Mocellin, a temática do evento surgiu durante as reuniões do Núcleo de Competência "Organizações do 3º Setor" do Conselho. "O Núcleo tem como missão influenciar políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável. Para isso, está trabalhando o fortalecimento dos Conselhos dos Direitos do Idoso para promover a valorização do idoso e garantir dignidade de vida".

Existem hoje no Paraná 91 Conselhos do Idoso, mas o ideal seria que houvesse um por município. A presidente do Conselho Estadual do Idoso, Schirley Scremin, explica que o Conselho é uma instância política de controle democrático, que serve para supervisionar e acompanhar a política do idoso e deliberar sobre políticas públicas. "Não somos oponentes ao gestor, mas sim conselheiros. É dos Conselhos que saem as propostas de políticas públicas para o idoso." Ela ressalta que o Conselho incentiva a participação de idosos nas discussões. "Temos um alto percentual de conselheiros idosos, mas é de extrema importância que toda população se envolva na discussão e faça propostas e opine sobre as políticas públicas", diz.

Além do envelhecimento da população – hoje a esperança de vida ao nascer é de 68 anos para homens e 75,1 para mulheres – percebe-se também um aumento de instituições de longa permanência para idosos (ILPI’s), mais conhecidas como asilos. "Os idosos estão saindo mais de suas famílias e passam a viver em asilos. A problemática é com o idoso que chamamos de ‘frágil’, ou seja, aquele que tem alguma doença degenerativa e não tem mais autonomia e independência na realização de suas funções."

A presidente do Conselho Estadual do Idoso acredita que as entidades devem buscar o cumprimento da lei. "Pela legislação, as entidades têm como obrigação a manutenção dos vínculos familiares, ou seja, evitar a diminuição dos vínculos com a família e com a vida social. Desta forma, estará sendo feita a prevenção dos processos de depressão e outros problemas emocionais em idosos institucionalizados", comenta.

Para o superintendente do Asilo São Vicente de Paulo, padre José Aparecido, são muitos os desafios enfrentados por asilos, mas o principal é a manutenção. "Não é nada fácil sustentar toda a estrutura. Uma parte dos recursos é repassada pelo governo, mas é um valor mínimo. A maior parte do orçamento vem de doações, festas e ajuda da comunidade", afirma.

Outra questão diz respeito à maneira como se trata os idosos. "Além dos problemas emocionais, por terem sido abandonados pela família, muitas pessoas chegam aqui com problemas de saúde, alguns inclusive com deficiência. É necessária uma equipe especializada, que atenda a todas as necessidades e respeite a dignidade do morador, além de obedecer ao Estatuto do Idoso", conta. "Nosso maior desafio é fazer o idoso se sentir feliz, como se estivesse com a família".

Durante o evento foi lançado a V MOVE Paraná (Mobilização Paranaense sobre Envelhecimento). O evento, organizado pelo Conselho Estadual dos Direitos do Idoso (CEDI) acontece de 27 de setembro a 1º de outubro e tem como objetivos identificar as várias ações e atividades desenvolvidas no Paraná relacionadas com a população idosa e possibilitar a produção de subsídios que propiciem a fundamentação sobre o envelhecimento, tendo principalmente como perspectiva uma vida saudável.

De acordo com a presidente do Conselho Estadual do Idoso, Schirley Scremin, a MOVE tem como foco a qualidade de vida ao envelhecer e os direitos do idoso. "É uma proposta de trabalho, fundamentada na conscientização e mobilização, relacionada com a transformação demográfica, que evidencia o crescimento acelerado da população idosa e a necessidade de ações voltadas a este segmento populacional."

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