Impasse na limpeza

Audiência entre Cavo e garis dura 6 horas e acaba sem proposta

Os trabalhadores da limpeza pública de Curitiba vão decidir hoje, em assembleia marcada para as 8h, na Rua João Negrão, se voltam a trabalhar normalmente. Na noite de ontem, após horas de negociação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a empresa Cavo aceitou a proposta apresentada pela desembargadora Ana Carolina Zaina: 10% de reajuste salarial para os trabalhadores que recebem até R$ 2.200,01 e 7% para os que têm vencimentos maiores, além de 15% para vale-refeição e data-base em 1.º de março.

A proposta é a mesma já apresentada pela Cavo e rejeitada pelos trabalhadores na manhã de terça-feira. Ontem, a sessão de julgamento do dissídio coletivo da categoria chegou a ficar interrompida por 4 horas para negociações, mas não houve acordo sobre uma nova proposta.

Efetivo

Ontem, os grevistas cumpriram a determinação da desembargadora de colocar 40% do efetivo nas ruas para a coleta e o transporte dos resíduos. A prefeitura também montou um esquema emergencial para o período de greve, com 75 caminhões para realizar a coleta.

A estratégia da Secretaria Municipal do Meio Ambiente pretendia ainda disponibilizar caminhões nos 25 terminais de ônibus para que a população levasse o lixo domiciliar. Porém, de acordo com a pasta, os grevistas impediram a saída de alguns caminhões do pátio da Cavo e algumas áreas não receberam os veículos.

No centro de Curitiba poucos pontos apresentaram o acúmulo de lixo. Um dos pontos com maior volume de resíduos acumulados era a Praça Zacarias. Os lojistas tinham colocado o lixo em frente aos seus estabelecimentos na noite da última terça-feira, mas alguns resíduos continuaram no local.

A consultora ótica Patrícia Veiga, 26, contou que até o começo da tarde de ontem o volume de lixo havia aumentado e já estava incomodando quem trabalha próximo. “O cheiro está forte, principalmente na hora do almoço, quando o sol ficou forte. Hoje cedo não tinha tanto lixo”, disse. Para a gerente de uma confeitaria localizada na praça, a greve não trouxe problemas para o estabelecimento. “Deixamos o lixo depois das 18h30, que é o horário estipulado para os lojistas, e hoje estava normal, não tinha mais o lixo aqui. Nem sabia que está em greve”, afirmou Cleide Santos, 40.

“O cheiro está ruim e tem a poluição visual. Curitiba não é a capital ecológica?”, questionou o advogado Alcides Lacourt, que conversava com o amigo Guilherme Cardoso ao lado do lixo acumulado. “E também tem o problema de higiene”, completou o professor Cardoso.

Ao mesmo tempo, os coletores trabalhavam nas ruas e praças do centro. “Por enquanto não está tendo problema na coleta. O pior seria no centro, que tem mais lixo”, disse o coletor Luiz Carlos da Silva, 40, enquanto encaminhava alguns sacos de lixo para o caminhão.

Recomendações

Caso a greve continue, a prefeitura pretende garantir que os 25 terminais se tornem pontos de coleta de lixo domiciliar. Além disso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente pede aos moradores que mantenham o máximo de lixo orgânico em casa. A orientação à população é que separe corretamente os resíduos recicláveis dos orgânicos e que evite deixar o material em contato com a umidade. O lixo reciclável pode ser entregue aos catadores de material reciclável.

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