Sindimoc

Assessor de vereador rebate denúncias sobre Sindimoc

A denúncia realizada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) sobre os desvios da ordem de R$ 8 milhões do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), no período entre 2006 e 2010, foram rebatidas ontem pelo assessor parlamentar Márcio Ramos. “Não utilizamos nenhum centavo da entidade em benefício próprio. Todas as receitas foram revertidas em prol dos associados e no patrimônio deixado para a entidade”, defendeu.

Funcionário no gabinete do vereador Denílson Pires da Silva (DEM), Ramos também foi relacionado entre os envolvidos no esquema investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na época em que o vereador presidia o Sindimoc, Ramos era funcionário da sede campestre do sindicato, que fica em uma chácara na localidade de Borda do Campo, no município de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana.

Ele e um outro assessor do gabinete, Antônio Pereira, que era supervisor da sede campestre na época em que o vereador Denílson ocupava a presidência do Sindimoc afirmaram categoricamente que todas as acusações sobre desvios foram motivadas por disputa de poder no sindicato, bem como a expansão patrimonial do mesmo. “Quando o vereador assumiu o sindicato, a entidade devia mais de R$ 300 mil. Hoje, e entidade possui um prédio na rua Tibagi, outro na rua Mariano Torres e mais a sede Campestre”, apontou Pereira. “Organizamos uma série de benefícios para os associados, de convênios em farmácias até compra de duas ambulâncias para assistir os motoristas e cobradores em situações de emergências”, acrescentou Ramos.

Em 2010, quando foram cumpridos os mandados de prisão temporária, Ramos esteve entre o grupo que incluía ainda o vereador Denílson, o ex diretor finaceiro Valdecir Dielle Dias e o advogado e ex vereador Valdenir Dielle Dias. “Não fui preso porque estava em Londrina, mas voltei imediatamente e me apresentei”. Segundo ele, o episódio foi crucial para determinar o resultado das eleições no Sindimoc no mesmo ano. “O circo foi armado para o Anderson ganhar”.

Outro ponto contestado por Ramos diz respeito a idoneidade de uma das testemunhas ouvidas pelo Gaeco nas investigações, Marcelo Villatore. “Ele foi pago pela atual diretoria do Sindimoc para nos acusar”. Na denúncia do MP-PR, um dos fatos apontados é de que Villatore e Delson Moretti Filho, também testemunha, teriam sido procurados por Ramos e outros três denunciados para mudar as versões prestadas a Procuradoria do Trabalho em 2010.

A contrapartida seria uma ajuda financeira e no chamado Sinmotur, qualificado pelo MP-PR como um sindicato de gaveta do Sindimoc. “O Villatore foi comprado por Anderson e até hoje está vivendo dessa denúncia falsa contra nós. O único assunto que tratamos com Villatore foi a reabertura do Sinmotur, que na época estava fechado. Ele seria serviria a parte social do sindicato”, disse Ramos.

Cortina de fumaça

O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, repudiou todas as declarações de Ramos. Ele conta que as investigações tiveram por base os documentos e provas apreendidos durante o cumprimento dos mandados de prisão em 2010. “Uma auditoria especializada nisso foi realizada e posso afirmar que os desvios não foram revertido nem em patrimônio, muito menos em benéfico dos associados. Tal argumentação não passa de uma cortina de fumaça”, assegurou. Pelo que o Gaeco constatou na avaliação de receitas previstas, entre 2006 e 2010, anualmente o Sindimoc arrecadou entre R$ 11 milhões e R$ 12 milhões. “O fato está claro. Muita gente pagou mensalidade, mas não foi contabilizado em benefício da associação”, acrescenta.

Quanto a idoneidade da testemunha Marcelo Villatore, o coordenador do Gaeco explicou que o papel de qualquer denunciante é provocar a ação. “Só que as evidências mostraram que Villatore não estava mentindo”.