Artesanato vira fonte de renda em tempos de crise

O desemprego está fazendo com que muitas pessoas busquem por fontes de renda alternativas ? e a arte e o artesanato vêm se destacando entre as principais. Em Curitiba, de acordo com dados da Federação dos Artesãos do Paraná, o número de artesãos aumentou cerca de 60% nos últimos cinco anos. Atualmente, são 3.500 na capital e um total de cerca de 8.500 no Estado.

“A confecção de peças de artesanato é a forma que muitas pessoas, que não conseguem retornar ao mercado formal de trabalho, estão encontrando para ganhar a vida”, conta a presidente da Federação, Deonilda Müller Machado. “Conheço pessoas que garantem a sobrevivência de toda a família e até formam os filhos com a renda gerada pela venda de artesanato.”

Um mapeamento, que vem sendo feito desde o ano passado pelo Ministério do Desenvolvimento, por meio da Secretaria do Desenvolvimento da Produção, com 210 cooperativas e associações de artesanato no Brasil, revela que as atividades desenvolvidas pelos artesãos geram R$ 28 bilhões por ano, o que corresponde a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

O número indica que o artesanato está em alta no mercado. É considerado uma forte expressão cultural, traduzida em produtos de valor agregado que possibilitam a geração de emprego e renda, a fixação do homem em seus locais de origem e o desenvolvimento de determinadas regiões. Muitas prefeituras, organizações não governamentais (ONGs) e entidades privadas estão se preocupando em apoiar a atividade.

Em Curitiba, o Centro de Criatividade, mantido pela Fundação Cultural, costuma oferecer cursos periódicos de artesanato. Muitas ONGs que atuam em comunidades carentes apresentam o artesanato como uma alternativa de geração de renda. Já uma visão mais empreendedora em relação à atividade costuma ser transmitida por integrantes do Sebrae-PR.

“A maioria dos artesãos nunca fez cursos para aprender a confeccionar as peças”, comenta o diretor de geração de renda da Fundação de Ação Social (FAS), Ari Ricardo Arantes. “Em geral, os ensinamentos passam de geração para geração ou são transmitidos por amigos. Entretanto vários cursos oferecidos atualmente estão permitindo que pessoas que sempre desenvolveram outras atividades profissionais descubram um dom e o utilizem na geração de renda.”

É o caso do pintor João Carlos Moreira, que sobrevive da venda de seus quadros na Boca Maldita, no centro de Curitiba. Ele trabalha com artesanato há dezoito anos e transmitiu o gosto pela função à filha de 26 anos. “Sou formado em Administração e já exerci diversas profissões, entre elas a de contador e comerciante”, conta. “Como empregado nunca tive nada na vida, mas como autônomo, vendendo meus quadros, consegui comprar carro, casa e educar minha filha, que já fez uma série de cursos, mas pretende trabalhar na mesma área que eu.”

Já para a artista plástica Sabrina Ikoma, que também expõe quadros na Boca Maldita, a venda das peças não é apenas uma alternativa de renda, mas necessidade profissional. Formada em Belas-Artes, ela nunca exerceu outra atividade.

Em Curitiba, existem quatorze feira de artesanato e diversas lojas do projeto Leve Curitiba.

Voltar ao topo