A vida de 130 crianças e adolescentes carentes da Região Metropolitana de Curitiba está mudando. Aulas de dança, artes plásticas, artes marciais, teatro e música proporcionam oportunidades e o começo de um planejamento para o futuro. Os jovens são apoiados pela organização não governamental (ONG) Artegeral, que estimula a formação de cidadãos por meio dessas iniciativas.
A partir do momento em que as crianças e adolescentes entram para o projeto, participam de todas as aulas ofertadas. As atividades são gratuitas e a única exigência por parte da ONG é estarem matriculados na escola. "Queremos que esses jovens tenham uma melhor expectativa de vida e um futuro melhor. As pessoas menos favorecidas precisam de oportunidades. A idéia é complementar a educação por meio da arte", explica a diretora-presidente da Artegeral, Andrea Gianini. De acordo com ela, os trabalhos também visam o desenvolvimento do exercício da cidadania, da autoconfiança, da responsabilidade e do respeito.
A ONG existe há três anos e atende crianças e adolescentes entre 4 e 18 anos. As aulas funcionam às terças e sábados em um teatro no Portão e na Rua da Cidadania do bairro Pinheirinho. O grupo de amigos formado por Lucas Mariano da Silva (11 anos), Aline Alves Bento (13), Jeferson Lucas Santos Boina (13), José Felipe Mariano da Silva (14) e Bruno Marcelino Neres (11) saem do bairro Tatuquara para participar do projeto.
Eles entraram por indicações de outras crianças. Conforme o tempo foi passando, todos descobriram uma paixão: o ballet. "Minha mãe ficou sabendo do Artegeral e me perguntou se eu queria entrar. Não aceitei na hora e fiquei pensando. Hoje, quero ser um bailarino profissional. Gosto muito das aulas de ballet e também de capoeira", diz Lucas.
Jeferson conta que ainda não domina totalmente a capoeira, mas que "consegue fazer alguma coisa". Ele também gosta das aulas de ballet e diz não ligar para as provocações que alguns meninos do bairro fazem sobre as aulas. Bruno nunca tinha pensado em fazer dança, mas está se rendendo aos encantos das sapatilhas. "Nunca imaginei que estaria fazendo ballet. Pretendo continuar participando das aulas", revela.
O envolvimento das crianças e adolescentes com a arte é tão grande que alguns conseguiram bolsas integrais para estudar ballet no Teatro Guaíra. Aline está nesse seleto grupo. "Sempre quis fazer ballet. Os alunos que mais se destacaram no Artegeral fizeram um teste no Guaíra e eu passei. Estou lá há dois anos e quero ser bailarina profissional", ressalta. Todos já participaram de apresentações de ballet nos teatros Guaíra e Fernanda Montenegro. "Isso serve como estímulo para fortalecer a auto-estima para o resto da vida dessas crianças. Isso faz com que elas sintam que tem uma luz no fim do túnel", acredita Andrea Gianini.
Peti
A ONG ainda atende 18 crianças provenientes do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que estavam em situações de risco social. A entidade não possui sede própria e precisa de doações. Mais informações no site www.artegeral.com.br. Quem quiser ser voluntário da ONG, é preciso entrar em contato com o Centro de Ação Voluntária no site www.acaovoluntaria.org.br.