Aqüífero Guarani ainda é pouco explorado no Paraná

Ainda é pequena a exploração das águas do Aqüífero Guarani no Paraná. O reservatório de água subterrânea, que tem incidência em toda a região natural conhecida como Terceiro Planalto (que abrange parte do Norte, Noroeste, Oeste, Sudoeste, Centro-Sul e Centro-Oeste), ocupa uma área de 100 mil quilômetros quadrados no Estado. Entretanto, há registro de apenas 50 poços de exploração da sua água em território paranaense. Todo o aqüífero ocupa uma área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, abrangendo Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. 80% ficam no Brasil.

O presidente do núcleo Paraná da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas e geólogo da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), Everton Luiz da Costa Souza, explicou que toda perfuração do aqüífero precisa de uma autorização prévia da Suderhsa. Até hoje o órgão do governo estadual, em parceria com as prefeituras, fez poços em Marechal Cândido Rondon, Ibiporã e Bandeirantes. “Os resultados são positivos, tanto que a Sanepar chegou a fazer uma perfuração em Londrina”, contou, destacando que um poço pode custar entre R$ 15 mil e R$ 1,5 milhão. “Os poços só são feitos quando há a viabilidade de utilização no abastecimento. Abrir apenas para pesquisar é inviável devido aos custos.”

Solução

Para o professor de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ernâni Francisco da Rosa Filho, a maior utilização da água do Guarani seria uma solução para enfrentar a falta de água potável, problema que tende a se agravar em todo o mundo. “Sempre deve acontecer um uso racional. Não se deve retirar mais água do que a natureza repõe pelas chuvas”, destacou, lembrando que no poço de Ibiporã a vazão é de 780 mil litros d?água por hora.

O aqüífero é formado por uma reserva de água que fica impregnada no arenito, espécie de areia compactada que data de 225 milhões de anos. “O arenito absorve a chuva e o armazena como se fosse uma esponja”, explicou Rosa Filho, destacando que o arenito na maioria do aqüífero fica coberto por uma camada de basalto. O professor contou que São Paulo já utiliza as águas do Guarani bem mais que o Paraná. “É uma água boa e de custo baixo. Em Ribeirão Preto, por exemplo, toda a água vem do Guarani”, citou. O professor ressaltou que a exploração do aqüífero teve uma parada entre a 1979 e a década de 90. “Em 79 foi encontrado flúor demais num poço feito em Londrina. A investigação parou e só retornou agora recentemente, com os trabalhos da Suderhsa”, lembrou, salientando que o Banco Mundial destinou US$14 milhões aos quatro países da América do Sul onde há incidência do Guarani, para que haja pesquisa e proteção do aqüífero.

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