Após confronto, PF leva balsa para Foz do Iguaçu

Um conflito envolvendo moradores da cidade de Capanema, no Sudoeste do Estado, e policiais federais, na noite de quarta-feira, deixou várias pessoas feridas e duas presas. Eles não queriam que a balsa, que foi levada para a cidade para ser usada na travessia do Rio Iguaçu caso a Estrada do Colono fosse reaberta, fosse destruída conforme determinava ordem judicial. Ontem, a Polícia Federal transportou a balsa para Foz do Iguaçu. Existe a possibilidade de que ela seja doada à Marinha, para ser usada como atracadouro em operações no Lago de Itaipu.

A estrada foi invadida na madrugada do dia 4 por cerca de trezentas pessoas. A Associação de Integração Comunitária Pró-Estrada do Colono (Aipopec) trouxe para a cidade uma balsa que seria usada na travessia do Rio Iguaçu, no trecho em que ele corta a Estrada do Colono, caso ela fosse reaberta. Na mesma decisão judicial que determinou a reintegração de posse, a juíza Federal da 1.º Vara de Curitiba, Graziela Soares, confirmou decisão anterior e determinou que a balsa fosse apreendida e posteriormente destruída. Neste meio tempo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) acabou pedindo que ela fosse doada a Marinha, em Foz do Iguaçu, para ser usada como atracadouro. A doação ainda depende da decisão da Justiça e por enquanto a balsa vai ficar sob a guarda da Patrimoniaria da Marinha.

O confronto

O chefe de gabinete da Prefeitura de Capanema, Danilo Martini, conta que o confronto começou por volta das 21h. A Aipopec havia entrado com recurso, pedindo a suspensão da decisão judicial. Eles queriam que a balsa ficasse na cidade para servir como símbolo da luta da população e sendo posteriormente usada caso a estrada fosse reaberta.

A PF deu prazo até às 20h30 para que a autorização fosse obtida. Como não ela não foi concedida, cerca de 100 policiais federais se dirigiram ao local e cercaram a balsa. Segundo Martini, eles tentaram acalmar os ânimos mas a população estava exaltada e começou o confronto. Os manifestantes atacavam com paus e pedras e a polícia com bombas de efeito moral e balas de borracha. “Parecia uma verdadeira guerra”, comenta Martini. Ele conta que o conflito só terminou com a ajuda de um helicóptero que lançava as bombas de efeito moral. A Aipopec está recorrendo mais uma vez ao Tribunal Regional Federal contra a nova decisão.

Ontem a PF chegou ao local por volta das 8h30 e às 15h30 o balsa começou a ser removida para Foz do Iguaçu. Dois manifestantes ficaram presos por algumas horas. A PF montou acampamento nas duas entradas da Estrada do Colono para evitar que os agricultores tentem reabri-la mais uma vez. A estrada corta o Parque Nacional do Iguaçu, numa extensão de 17,6 quilômetros.

Caíto repudia forma da ocupação

O secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, lamentou a invasão da Estrada do Colono e o confronto entre manifestantes e policiais. “A forma como foi preparada a ocupação, desordenada, sem objetivo algum, sem qualquer tipo de previsão dos fatos que poderiam ocorrer, redundando em um fracasso que agora, inclusive, os seus promotores tentam atribuir a outras pessoas”, afirmou.

De acordo com Quintana, o município de Capanema foi prejudicado. “Houve um absoluto despreparo no cumprimento da ordem judicial, fazendo com que a população, ferida em seus sentimentos, acabasse se revoltando e sendo humilhada no desenrolar dos fatos”, disse, acrescentando que espera a retomada do diálogo.

Quintana fez questão de frisar que o governo do Estado não teve responsabilidade alguma pela desocupação. “O Parque Nacional é de responsabilidade Federal e a desocupação foi requerida por um órgão Federal. A mobilização de tropas foi da Polícia Federal sem participação do Estado”, afirmou. Já o governador Roberto Requião, segundo Quintana, repudia a irresponsabilidade daqueles que incitaram a invasão da Estrada do Colono e, não podendo suportar a própria ação leviana, tentam agora encontrar responsáveis pela inconseqüência.

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