Agricultores não querem mudança da linha do trem

A transferência da linha de trem do perímetro urbano de Curitiba para outros municípios da Região Metropolitana está revoltando agricultores de Campo Largo, Campo Magro, Almirante Tamandaré e Araucária. Eles reclamam que até agora não receberam nenhuma informação do governo ou Prefeitura sobre o assunto. O que sabem é da boca de funcionários de empresas terceirizadas que estão realizando os primeiros estudos para a implantação da linha férrea. Ontem, eles estiveram reunidos em Campo Largo e vão entrar com um pedido na justiça da cidade para que seja anulado o edital de licitação da obra, até que a população seja consultada.

Januário Constant Spak fala que começou a receber as primeiras visitas há quatro ou cinco meses. Relata que os funcionários das empresas chegaram dizendo que a linha férrea ia passar na propriedade, pediram autorização para entrar e começaram os estudos. Na terra dele, a linha deve cortar a área onde há um pasto. “Não sei como vai ficar, nem a quantidade de terra que vão pegar”, reclama. Ele foi atrás da Prefeitura de Campo Largo mas ninguém soube informar nada. Outro agricultor, Januário Rendah, conta que esta semana foi visitado duas vezes e em nenhuma delas pediram autorização. Além disto, abriram um buraco no local onde ele havia semeado cebolas, uma das culturas da propriedade.

Prejuízos

Além da falta de informação os agricultores estão preocupados com a própria sobrevivência, pois a maioria é dona de pequenas propriedades, que com a passagem do trem ficarão ainda menores. Rendah mora na localidade desde que nasceu e vai perder toda a frente das suas terras. “Ainda não sei a quantidade de terra que eles vão pegar, se é cinco, 30 ou 50 metros ao longo da via”, diz. Ele afirma que a parte de terra que vai sobrar é muito pequena e não vai dar para produzir.

Os agricultores ainda temem pela tranqüilidade do local, acham que a área ao logo estrada pode ser invadida ou que desocupados passem a perambular por ali.

O casal Ismael Casimiro e Irene Schelske terá que procurar outro local para viver. Eles trabalham com medicamentos naturais e uma casa de repouso. “Já saímos de Curitiba para fugir do barulho”, explica Casimiro. Irene termina questionando que a comunidade nem sabe onde ir para pedir informações.

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