Acesso à água é direito de todos, defendem entidades

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente 31 países já enfrentam problemas de escassez de água. Estimativas apontam que, até o ano de 2025, a população mundial poderá chegar a 8,7 bilhões de habitantes, dos quais dois terços sofrerão com a falta de água. E com base nessas previsões, estima-se que o recurso vai se tornar um negócio lucrativo, que deve movimentar US$ 400 bilhões por ano.

Mudar esse enfoque econômico sobre a água é um dos desafios de organizações mundiais que vêm tratando do tema. Ontem, em Curitiba, foi realizado o seminário internacional "O Espírito das Águas", promovido pelo governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná e Sanepar, e contou com a participação do especialista em Fisiologia Vegetal da Universidade de Berna (Suíça), Ernst Zuercher. Durante o evento, o acesso à água foi tratado como um direito de todos, não só como uma necessidade física, mas como um valor humano.

O pesquisador da Academia Internacional Livre das Águas, Franklin Frederick -que coordena um movimento mundial de estudos sobre a ligação entre as florestas e água nas mais diversas dimensões -, ressalta que a proposta é resgatar os aspectos cultural e espiritual da água, e não apenas o aspecto econômico. "Todas as religiões mundiais têm a água como elemento sagrado, com reconhecimento e ligação à vida. E são esses aspectos que queremos estar tratando", falou. Ele entende que essa abordagem poderá ter muito mais resultados na conscientização e preservação do bem natural.

O mesmo posicionamento é defendido pelo índio txucarramae do Instituto Arapoty de São Paulo, Kaká Werá. "A água, assim como o sol, a terra e o ar são fundamentos da vida, e por isso não pode ser tratada como um bem econômico, mas como um direito de todos os seres humanos", disse. O índio, que participa há oito anos de encontros sobre o tema em diversos países, conta que tem constatado que as novas gerações estão mais sensíveis ao problema, e que isso poderá refletir em ações preservacionistas mais efetivas.

A preocupação com a quantidade e a qualidade da água é uma constante da Sanepar, aponta a diretora de Meio Ambiente e Ação Social, Maria Arlete Rosa. A empresa está desenvolvendo uma série de ações que visam reverter esse quadro, como, por exemplo, a criação de áreas de proteção de mananciais, drenagem e recuperação da mata ciliar. Do ponto de vista de inclusão social e saúde pública, Arlete comentou que o governo do Estado criou a tarifa social, que atinge atualmente 1,5 milhão de pessoas com a água tratada.

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