Vinte e um trabalhadores foram encontrados em situação degradante e em condições análogas as de escravos em exploração e reflorestamento de pinus, no município de São João do Triunfo, região sul do Estado, no início da semana.
Condições precárias de alojamento e água contaminada foram verificadas pelo Grupo Móvel de Fiscalização de Trabalho Escravo, formado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Força Verde.
“Não há nenhuma condição de habitação por um ser humano em barracos sem piso, sem camas e só com pedaços de espuma esparramados, além da água utilizada, vinda de um olho d’água visivelmente contaminado por insetos e larvas”, descreveu o procurador do MPT, Luercy Lino Lopes. A situação de São João do Triunfo está entre as mais graves já encontradas pelo grupo, segundo avaliação do procurador.
Os trabalhadores estavam no local há aproximadamente cinco meses em duas fazendas, Vitirinópolis I e Vitirinópolis II, cada uma sendo explorada por um empregador diferente.
“Em ambas o destino final da madeira era uma grande produtora de papel em Ponta Grossa, que adquiria o produto por meio dos atravessadores”, informou Lopes.
Entre os trabalhadores foi encontrado um adolescente de 17 anos que adoeceu durante o trabalho. “Pelos sintomas relatados, provavelmente foi intoxicado pela água”, acredita o procurador.
Ontem mesmo representantes das duas fazendas assinaram um Termo de Ajuste de Conduta com o MPT. O pagamento referente aos direitos trabalhistas é estimado em torno de R$ 50 mil.
As fazendas vão arcar ainda com R$ 1 mil para cada trabalhador, por dano moral individual, e R$ 15 mil por dano moral coletivo, que será revertido para uma instituição beneficente.
O término do pagamento aos trabalhadores será feito hoje à tarde em Teixeira Soares. Os alojamentos e frentes de trabalho foram interditados. A atividade de reflorestamento de pinus é o principal segmento em que trabalhadores são encontrados em situação degradante no Paraná. No fim de fevereiro, outros 12 trabalhadores foram resgatados pelo grupo móvel em Adrianópolis, na Região Metropolitana de Curitiba.