90% dos brasileiros condenam o trabalho infantil

Para 78% dos brasileiros, a idade adequada para começar a trabalhar é 16 anos ou mais, e 90% acham que a cadeia deve ser o destino daqueles que utilizam mão-de-obra infantil, expondo a criança a riscos. O trabalho infantil gera pobreza, desemprego e é prejudicial para a economia do país para 55% dos brasileiros. No entanto, 26% dos que moram na região sul discordam totalmente de que esse tipo de trabalho gera pobreza. Para os brasileiros, a responsabilidade pela existência do trabalho infantil é do estado (48%), da família (35%) e da sociedade (20%).

Esses são alguns resultados da pesquisa Ibope de opinião pública sobre trabalho infantil, coordenada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e divulgada ontem pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil – que é uma estratégia não-governamental de articulação, mobilização e sensibilização pela prevenção e o fim da exploração no país. A secretária executiva do fórum, Isa Maria de Oliveira, afirma que essa pesquisa é inédita no Brasil e revela qual o pensamento da população sobre o assunto.

A sondagem foi feita em duas etapas, sendo a primeira de 9 a 14 de setembro de 2004, e a segunda entre os dias 16 e 23 de março de 2006. Em cada rodada, a pesquisa entrevistou 2.002 pessoas em 144 municípios. Como é um primeiro trabalho realizado nessa área, Isa acredita que ele servirá de base a fim de que sejam implementadas políticas para mudar a realidade da exploração infantil. Além disso, a sondagem se soma a outras pesquisas já realizadas sobre o setor. ?A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2005, também feita pelo IBGE, aponta que o índice de trabalho infantil voltou a crescer, principalmente entre crianças de 5 a 14 anos, na agricultura familiar ou em pequenas unidades de produção onde não há remuneração?, comentou.

De acordo com Isa Oliveira, a implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), em 1996, trouxe uma redução na problemática, mas agora voltou a crescer. Ela aponta como fatores para esse aumento a interrupção de políticas públicas de assistência social, emprego e renda para as famílias. ?As poucas políticas públicas não estão sendo eficientes para reduzir o trabalho infantil, e pior, estão fazendo crescer os casos de exploração sexual, tráfico de drogas e a presença de crianças em lixões?, disse. 

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