Paraná intensifica ações de controle da dengue

Ocorreram no Paraná até agora 157 casos confirmados de dengue clássica, 48 dos quais provenientes de outros Estados. Por enquanto, não foram notificados casos de febre hemorrágica da dengue nem de qualquer outra manifestação grave da doença. A informação é da Diretoria de Vigilância em Saúde e Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde.

A Secretaria estadual da Saúde instituiu um grupo técnico específico junto às Regionais de Saúde para acompanhar a execução das atividades de controle da doença nos municípios de maior incidência e para identificar precocemente situações potenciais de risco de ocorrência de surtos localizados.

O secretário da Saúde, Cláudio Xavier, lembra que desde 2003 técnicos da Secretaria já alertavam a população, municípios e órgãos responsáveis sobre um possível aumento do número de casos de dengue nos anos seguintes. A situação estava prevista com base nas condições climáticas, nas adaptações biológicas do vetor e no ciclo sazonal da doença, que tende a aumentar e diminuir em determinados períodos.

?A dengue hoje é um problema nacional. Embora o número de casos no Paraná não seja grande em relação a outros Estados, devemos ficar atentos, sobretudo porque este ano existem muitos mosquitos transmissores da doença no Estado. Vencemos a dengue em 2003, quando foram registrados mais de 9 mil casos, com uma estrutura menor do que agora. Vamos ganhar essa batalha novamente, junto com a população paranaense?, analisa Xavier.

Aplicação de ?fumacê?

Segundo nota técnica divulgada pela Secretaria da Saúde, está sendo feita a aplicação de inseticida a ultrabaixo volume com equipamento pesado (?fumacê?) nos municípios de Londrina, Cambé, Ubiratã, Campina da Lagoa, Santa Helena, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu, Maringá, Paiçandu e Marialva.

Este procedimento é realizado em oito ciclos, em períodos de três a cinco dias, e municípios como Santa Helena, Ubiratã e Londrina já terminaram cinco desses ciclos. Os insumos químicos necessários para o controle vetorial, como inseticida e larvicida, são disponibilizados pelo Ministério da Saúde e imediatamente aplicados e distribuídos pela Secretaria de Estado da Saúde aos municípios. ?Não há desabastecimento desses insumos?, esclarece a nota técnica da Secretaria da Saúde.

De acordo com a nota técnica, os procedimentos laboratoriais de sorologia para dengue estão em pleno funcionamento no Laboratório Central (Lacen/Curitiba), Laboratório Lepac (Maringá), Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina e no Laboratório de Fronteira de Foz do Iguaçu.

?Até agora, estes laboratórios têm recebido os kits necessários para diagnóstico, atendendo a demanda dos municípios de acordo com o fluxo previamente estabelecido?, explica a nota. Os técnicos da Secretaria da Saúde estão monitorando os indicadores de mosquitos e epidemiológicos dos municípios.

Participação da comunidade

?É fundamental a participação da comunidade na eliminação de depósitos e criadouros dos vetores?, afirma o secretário Cláudio Xavier. ?É em vasos de plantas que se reproduzem até 50% dos mosquitos transmissores da dengue. Por isso, as donas-de-casa não devem se esquecer de colocar areia nos pratinhos dos vasos. Também deve haver muito cuidado com os materiais recicláveis nos quintais, como garrafas pet, latas, vidros e plásticos, que acumulam água da chuva?, explica.

?O principal agente no combate à dengue é o próprio cidadão?, insiste Xavier. ?É fundamental que o cidadão se insira no combate à dengue e não espere que só as entidades públicas se preocupem com o combate ao mosquito. O problema está na grande maioria dos casos dentro da própria casa, e a responsabilidade principal é do morador?, assegura.

A dengue é uma doença endêmica no Paraná, com ocorrência de casos autóctones nas regiões Norte, Noroeste e Oeste, segundo a nota técnica. Nos últimos anos, a principal epidemia ocorreu em 2003, quando foram confirmados 9.438 casos, dos 22.516 notificados, principalmente nos municípios de Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá, Iboporã e Assis Chateaubriand.

Em 2002, o Programa Estadual de Controle da Dengue foi implantado em todos os municípios do Paraná, de acordo com os parâmetros técnicos e os componentes do Programa Nacional de Controle da Dengue. Entre outras medidas, foram definidos 38 municípios como prioritários para enfrentar a epidemia. Os critérios para escolher os municípios levaram em conta o perfil epidemiológico desses municípios e o potencial de risco de ocorrência de epidemias, entre outras condições.

Desde que o Plano Nacional foi implantado, os três níveis de gestão ? Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e Secretarias Municipais da Saúde ? têm realizado esforços para adequar as condições operacionais estadual e municipais aos parâmetros técnicos indicados, resultando na estruturação positiva e crescente do programa nos municípios e na redução progressiva e constante da incidência da doença no Paraná.

Central de apoio

?O Paraná é um dos poucos Estados brasileiros que instituiu uma central de apoio logístico de insumos e equipamentos na cidade de Maringá, utilizados no controle de insetos, vetores de doenças como a dengue, febre-amarela e malária?, afirma a nota técnica. ?Assim, foi organizada uma logística para a recuperação, manutenção e distribuição de equipamentos para aspersão de inseticidas, que são utilizados pelas Regionais de Saúde e municípios do Estado?, informa a nota técnica.

A nota observa que, ?apesar dos avanços na implantação do programa, a capacidade de adaptação vetorial, a manutenção dos índices de infestação predial em patamares elevados em alguns municípios, a ocorrência de condições climáticas favoráveis à proliferação e dispersão dos vetores, o trânsito intenso de pessoas infectadas provenientes de áreas com transmissão viral ativa, as limitações de financiamento para o programa, somadas às características epidemiológicas da doença, têm favorecido a ocorrência de surtos circunscritos a alguns municípios. Essas ocorrências vêm recebendo toda a atenção necessária do Governo do Paraná que, junto com o Ministério da Saúde e os governos municipais, tem utilizado todos os recursos necessários para minimizar os danos causados e para evitar eventos semelhantes no futuro?.

A Secretaria da Saúde lembra que o Paraná faz fronteira com o Estado do Mato Grosso do Sul, onde já foram confirmados 12 mil casos de dengue, e com o Paraguai, onde o número de casos já atingiu 1.873. E informa que, se houver qualquer modificação substancial da atual situação epidemiológica, realizará nova comunicação formal por meio de nota técnica específica.

Voltar ao topo