Para relator da CPI do Banestado, fiscalização do BC “prevaricou”

Em depoimento à CPI do Banestado nesta terça-feira (12), o relator da CPI do Paraná que investigou irregularidades no banco, Mário Sérgio Bradock, questionou se haveria algum interesse nas gestões da ex-diretora de Fiscalização Teresa Grossi e do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco na falta de controle das ?operações temerárias? efetuadas no Banestado, que geraram enormes prejuízos para a instituição. Ele informou que a CPI do Paraná chegou a pedir a quebra dos sigilos bancários das duas autoridades.

– Existe uma fita em que Teresa Grossi diz que havia se implantado uma quadrilha no Banestado sem que nada fosse feito. Eles eram responsáveis por fiscalizar e não o fizeram. Houve no mínimo prevaricação por parte das autoridades do Banco Central – declarou Bradock. A CPI do Congresso vai ouvir Grossi ainda neste mês.

O relator destacou a falta de controle dos carros-forte que atravessavam a Ponte da Amizade entre Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Leste, no Paraguai, inclusive com a conivência de setores da Polícia Civil. A situação só mudou, disse Bradock, quando o procurador da República no Paraná Celso Antônio Três começou a investigar o caso. A partir de então, o esquema deixou de usar carros-fortes e passou a usar aviões em Toledo (PR). Bradock narrou ainda a simulação de um assalto a um carro-forte no Paraguai, cujo dinheiro nunca foi reclamado pelos supostos donos.

O presidente da CPI da Assembléia Legislativa do Paraná, Neivo Beraldin, entregou à comissão documentos da CPI do Paraná, entre os quais correspondência entre gerentes no Paraná e em Nova York que atesta que as contas estrangeiras tinham nomes de fantasia. O deputado também entregou extratos, relatórios de viagem e outros documentos obtidos pelas auditorias internas realizadas no Banestado, que, na sua opinião, são reveladores e demonstram relações entre as movimentações financeiras no banco e doleiros.

Beraldin ressaltou ainda a existência de um esquema de subfaturamento de exportações realizado principalmente nas agências do Banestado em Maringá (PR) e Londrina (PR). Uma exportação no valor de US$ 1 milhão, exemplificou, movimentava apenas US$ 100 mil em instituições norte-americanas. O restante, disse Beraldin, era usado para a evasão de recursos, por meio da movimentação de dólares no mercado paralelo.

As investigações paranaenses, disse Beraldin, também enfrentaram dificuldades. O ex-gerente do Banestado Hércio Santos, informou o deputado, se recusou a depor e, quando o fez, não assinou o compromisso de dizer a verdade. O ex-funcionário do Banestado Valdir Perin também ofereceu resistências no depoimento à CPI paranaense.

Voltar ao topo