Para IBGE, estudo afasta possibilidade de ”extinção” de índios no país

Rio – O número de índios e seus descendentes cresceu 150% no Brasil entre os anos de 1991 e 2000. As taxas anuais foram quase seis vezes maiores do que o crescimento da população em geral e, em 2000, a população indígena somava 734 mil pessoas, contra 294 mil no início da década de 1990.

Os dados são de um estudo divulgado hoje (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A publicação constata ainda um crescimento da presença do indígena em áreas urbanas, principalmente nas capitais da região Sudeste.

Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o estudo "afasta de vez a possibilidade de extinção" dos índios no país. Ele lembra que esse tipo de previsão era comum até os anos 70. Nunes lembra que a pesquisa também "confirma o fim do preconceito das pessoas em assumir suas origens".

Segundo Nunes, as políticas públicas implementadas pelos governos são outro fator influindo no resgate das características dos índios. "A demarcação de terras indígenas iniciada nos anos 80, a extensão de serviços de saúde e educação e, agora, a reserva de vagas em universidades, adotada também por algumas empresas, estão contribuindo para as pessoas se reconhecerem como descendentes de índios", acrescenta. Ainda na avaliação do presidente do IBGE, o aumento do número de indígenas nos centros urbanos reflete a busca por emprego e por atendimento hospitalar.

O estudo "Tendências Demográficas: uma Análise dos Indígenas com Base nos Resultados dos Censos Demográficos 1991 e 2000" aponta que mais da metade da população indígena vivia nos centros urbanos em 2000 (383,3 mil pessoas, contra 350,8 mil na área rural) e reconhece a existência de 604 áreas indígenas regularizadas em 437 municípios, a maioria nas regiões Norte e Nordeste.

Os números do IBGE diferem do cálculo da Funai (Fundação Nacional do Índio). Para o órgão, são 440 mil índios e descendentes vivendo em reservas ou em comunidades com vínculo direto em relação às áreas indígenas.

A antropóloga e assessora da presidência da Funai, Maria Elizabeth Brêa, explica que não há divergências, apenas uma questão de conceito. Ela lembra que os números do IBGE retratam uma população que se diz indígena e não que viva a realidade dos índios. Brêa adiantou que, no próximo ano, a Funai vai realizar, em convênio com o IBGE, o primeiro censo específico sobre a população indígena no país. "O objetivo é saber quantos são e como vivem os índios e seus descendentes".

Voltar ao topo