Palocci vai depor na CPI dos Bingos na quinta, como convidado

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai depor na quinta-feira (26) na CPI dos Bingos na condição de convidado. Ele telefonou na tarde de hoje (24) para o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), para acertar o depoimento, pondo fim a uma série de rumores sobre seu comparecimento. O mais insistente deles, divulgado sobretudo por parlamentares petistas, dizia que Palocci deixaria o cargo se fosse obrigado a depor na CPI.

O ministro será questionado, entre outras coisas, sobre a suposta doação de US$ 3 milhões de Cuba para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e a respeito da doação de R$ 1 milhão que os empresários de bingo teriam oferecido ao PT em troca da legalização da atividade no País, conforme denúncia do advogado Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci.

O depoimento está marcado para depois da chamada ordem do dia, sessão de votação no plenário que normalmente ocorre no início da noite. Mas o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para iniciar a sessão às 9 horas, a tempo de a comissão começar a ouvir o ministro no início da tarde. Renan ficou de dar a resposta amanhã.

Principal escudeiro de Palocci no Senado, o vice-líder do PT, Tião Viana (AC), acredita que ele atendeu ao convite porque, além de ter se comprometido na carta que encaminhou à CPI em dezembro, "quer dar um basta nisso". "Não é fácil com a vida que ele leva, ter de conviver com denúncias que considero sem fundamento", justifica Viana. A presença de Palocci passou a ser requisitada na CPI desde que Buratti, em agosto do ano passado, o acusou no Ministério Público de Ribeirão Preto de intermediar o repasse de R$ 50 mil que a empresa contratada pelo município para execução da limpeza pública doava todos os meses para o caixa 2 do PT. O requerimento convocando-o para depor, do senador Geraldo Mesquita (sem partido-AC) nem chegou a entrar em votação, graças ao empenho de senadores governistas e da oposição.

A situação foi mudando à medida em que cresceu a pressão para o ministro se manifestar. Chegou ao ponto de até mesmo os observadores do Planalto reconhecerem que não conseguiriam a maioria entre os 15 votos da CPI para derrubar o requerimento de convocação do ministro. No auge da pressão, Palocci compareceu ao Senado para falar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Sua intenção era a de encerrar ali todos os questionamento de que era alvo, mas os articuladores da iniciativa terminaram por aborrecer os senadores, inclusive da CPI, que nem mesmo foram comunicados com antecedência da presença de Palocci. Parlamentares da oposição decidiram, então, limitar as perguntas na CAE a questões econômicas, sem entrarem na vasta teia de denúncias existentes contra o ministro. Ele é o sexto integrante da chamada República de Ribeirão Preto a depor. Antes deles foram ouvidos, além de Buratti, seu ex-assessor Vladimir Poleto, seu então chefe de gabinete, Juscelino Dourado, o atual secretário particular, Ademirson Ariosvaldo da Silva e diretor do Serpro, Donizete Rosa, que também integraram sua equipe quando era prefeito.

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