Palocci é contra combater a atual inflação com alta dos juros

O novo governo aposta suas fichas no “equilíbrio do mercado”, e não na elevação das taxas de juros, para fazer a inflação baixar no ano que vem. Questionado sobre se a inflação alta não faria o governo Luiz Inácio Lula da Silva começar com uma alta nos juros logo em janeiro, o coordenador da transição, Antônio Palocci, respondeu: “Não. Confiamos que é possível baixar a inflação confiando no equilíbrio do mercado brasileiro. Os juros só têm efeito sobre os índices inflacionários de longo prazo. Não é certo trabalhar com ansiedade na política monetária, é preciso serenidade”.

Palocci reafirmou, também, que é necessário evitar a reindexação da economia, pois isso “poderia prejudicar de forma definitiva o processo inflacionário”. Ele disse que há condições de atravessar esse momento de maior dificuldade e prometeu uma economia saudável em 2003. “Vamos estabelecer uma política econômica sólida, com começo, meio e fim”, afirmou.

A afirmação de Palocci, cotado como ministro da Fazenda, contrário à elevação das taxas de juros em janeiro, não deverá ser bem digerida pelos analistas de mercado. Eles não só acham que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar os juros básicos em dois a três pontos porcentuais em dezembro, como também consideram a reunião do Copom de janeiro como uma espécie de teste sobre a disposição do governo Lula de efetivamente fazer o que for necessário para manter a inflação sob controle.

Segundo a avaliação de Palocci, a alta da inflação é devida ao comportamento do câmbio no período de abril a outubro. “Ela pode ser controlada com naturalidade”, disse. “Vai-se reverter.” Segundo dados divulgados hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado no sistema de metas de inflação, atingiu 3,02% em novembro, a maior taxa desde o início do Plano Real. Em doze meses, a taxa acumula 10,93%. Está, portanto, acima da meta fixada no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o ano, que é de até 9%.

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