Ouvidos moucos

Também falta um estadista na cabeça da chapa PSDB/PFL para a disputa da Presidência da República. Pelo menos essa é a visão do deputado federal Pauderney Avelino (PFL-AM), que depois de quatro mandatos na Câmara pretende conquistar uma cadeira no Senado Federal.

Entrevistado pelo site Congresso em Foco, Avelino apontou uma série de equívocos desde os primeiros momentos da campanha de Alckmin/José Jorge, atribuindo ao fraco desempenho do candidato tucano o fato desanimador de não ter passado dos 20% nas pesquisas feitas até agora. O problema é que o desânimo com a campanha de Alckmin, segundo o vice-líder do PFL na Câmara, está se espalhando pelos estados de maneira muito rápida e esse é um indicativo claro das dificuldades que ainda devem aparecer.

O prefeito do Rio, César Maia, antes mesmo do pronunciamento de Pauderney havia dito que o PSDB está dividido em dois grupos: um formado pelos cardeais que dirigem o partido e o outro pelo baixo clero assentado nos diretórios regionais. E, entre os dois segmentos não existe a menor articulação. Portanto, para ambos os próceres do PFL, partido que pela primeira vez participa de uma eleição nacional na oposição, se não houver correções urgentes nos grandes enfoques da campanha, o ex-governador paulista pode se preparar para a derrota.

Pauderney lembrou um defeito crônico dos políticos brasileiros, o de ouvir pouco. Assumindo determinadas posturas decorrentes da falta de diálogo com os quadros mais próximos da base e, destarte, preparados para dar informações em primeira mão sobre a autêntica voz das ruas, Alckmin está se afastando dos eleitores. O deputado amazonense lembrou o comentário feito pelo senador José Jorge sobre o polêmico hábito de Lula beber uns tragos. ?Quem nesse País não aprecia um golinho de cachaça? Uma cerveja, um uísque, um vinho??, indagou, ressalvando não estar fazendo apologia do hábito de beber, mas simplesmente constatando uma realidade popular.

Até aqui o discurso oposicionista se limitou aos impropérios dirigidos a Lula: ladrão, preguiçoso, omisso e beberrão. A maioria sabe e gente graduada da coligação PSDB/PFL confirma que tal estratégia é totalmente furada. Ao invés do baixo nível, o Brasil precisaria ouvir um verdadeiro estadista.

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