Brasília (AE) – O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), passou o dia de hoje (29) fechando o relatório parcial com os nomes dos 18 deputados envolvidos no esquema de pagamento de mesada a parlamentares, o chamado ‘mensalão’.
No relatório, que deverá ser divulgado amanhã (30), Serraglio pretende fazer uma gradação da consistência das provas contra cada um dos deputados. A idéia é votar o relatório na CPI dos Correios nesta quinta-feira e encaminhar as conclusões para a mesa Diretora da Câmara.
Caberá à Mesa decidir os casos que serão analisados pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara e aqueles que irão para a CPI do Mensalão para mais investigações. Serraglio estudava hoje pôr no relatório sugestão para abertura imediata de processo para cassação de mandato por falta de decoro parlamentar os casos em que as provas de participação no esquema do "mensalão" são irrefutáveis.
Nessa categoria estaria, por exemplo, o deputado Josias Gomes da Silva (PT-BA), que sacou pessoalmente no Banco Rural R$ 100 mil da conta da SMP&B, agência de publicidade de Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão.
Na mesma situação, encontra-se o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) que confessou ter recebido R$ 4 milhões de caixa 2 do PT. "Boa parte das denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson foram comprovadas", observou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator financeiro da CPI dos Correios.
Serraglio também não pretende poupar o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil. Apesar de não ter sido flagrado recebendo recursos do esquema de Marcos Valério, o ex-ministro deverá ter seu nome entre os "cassáveis" sob o argumento de que Dirceu fez um loteamento dos cargos nas estatais entre os partidos e que esses postos serviram para arrecadar recursos para as legendas.
"Pretendo mostrar no relatório o que entendo por caixa 2 a cooptação de diretorias dentro das estatais e, por fim, a conduta de cada um dos deputados em cima dos saques das contas do Marcos Valério", resumiu Serraglio, na semana passada ao anunciar que pretendia apresentar o relatório parcial amanhã. O relator também deverá sugerir a punição dos deputados que mandaram assessores irem à boca do caixa do Banco Rural retirar recursos das contas de Marcos Valério.
Para aliados políticos, o relator garantiu que não vai retirar da lista o nome de nenhum dos 18 deputados que apareceram ao longo dos depoimentos e investigações da CPI dos Correios. O líder do PL na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), é um dos que mais têm pressionado o relator para retirada de seu nome da lista da CPI dos Correios. A deputada licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO) acusou Mabel de ter lhe oferecido R$ 1 milhão para trocar de partido. O líder do PL nega que tenha feito a oferta à deputada tucana.
Duas sub-relatorias da CPI dos Correios vão ouvir hoje o depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, e do consultor dos Correios, brigadeiro Venâncio Grossi. Na quarta-feira, a CPI convocou para depor os donos das corretoras Guaranhus e Bônus Banval.