Oposição golpista

O presidente Lula andou dizendo que seus adversários estão ?tentando fazer golpismo? contra ele, a exemplo do movimento que resultou na queda momentânea do presidente boliviano Hugo Chávez, em 2002. É uma visão distorcida dos fatos que hoje ocorrem no Brasil. Ou uma versão maliciosa. As oposições brasileiras merecem críticas por sua história, pois representam as forças que por décadas estiveram no poder e não tiveram vontade política para solucionar os gravíssimos problemas nacionais.

As classes burguesas brasileiras, aboletadas em partidos de centro-direita de inidentificável ideologia, sempre se preocuparam em combater as esquerdas, em lutar contra o comunismo, mas nunca deram passos conseqüentes para solucionar os entraves que os grupos de maior sensibilidade social apontavam.

O eleitorado, que em sua maioria votou no PT e levou Lula à chefia da nação, não aderiu às esquerdas. Apenas desistiu dos antiesquerdas, comunistas ou não, pois estes nunca foram capazes de solucionar os dramas da sociedade. Aceitaram Lula e o PT para experimentar uma nova via, que, aliás, não vem sendo seguida pelo atual governo, que em muito repete as forças que combatiam suas lideranças. E eram combatidas, por mais de duas décadas, pelo PT e demais grupos esquerdistas.

As oposições não estão ?tentando fazer golpismo? contra o governo Lula. Pelo contrário, têm sido condescendentes com o presidente e sempre tentam excluí-lo dos indigitados nos escândalos políticos e éticos que são conhecidos como mensalão e caixa 2, mas que revelam muitas outras irregularidades e ilegalidades. Se pedissem o ?impeachment? de Lula, estariam cometendo um erro político, mas nem isso significaria uma tentativa de golpe. Indícios suficientes de que há uma situação capaz de provocar o exame do ?impeachment? existem.

Lula comparou as oposições ao seu governo à Fedecámaras, espécie de confederação nacional das indústrias da Venezuela, que de fato liderou, com a cúpula das forças armadas, um golpe contra o presidente Chávez. Um golpe que durou horas, pois com brevidade Hugo Chávez reconquistou o poder.

No Brasil, o empresariado critica alguns aspectos da execução da política econômica, mas é evidente que a protege e ao ministro que a dita e toca, Antônio Palocci. Na medida do possível, o empresariado tem manifestado indulgência tanto com Lula, quanto com Palocci. A comparação de Lula é infeliz, pois não se há de esquecer que seu amigo venezuelano, o militar Chávez, tentou assumir o poder no país vizinho, na primeira vez, através de um golpe armado sem nenhuma camuflagem. Eleito, tem bajulado as massas mais humildes da população e delas arrancado forças para vencer o empresariado, voltar-se contra o imperialismo norte-americano e levar o seu país para o socialismo. Sua façanha mais recente foi a realização de eleições parlamentares que as oposições inquinaram de viciadas. E abstiveram-se de participar. Com isso, Chávez passou a dominar o parlamento e, agora, pode dar o seu golpe, implantando um governo socialista naquele país. Nada parecido com o que acontece no Brasil, onde ninguém contesta, mesmo que não deseje, o direito de Lula de disputar a reeleição. E isso apesar do mar de lama ainda estar formando novas e grandes ondas.

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