Oposição deve suspender obstrução na segunda-feira

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que oposição e governo devem baixar o tom das "querelas políticas" para resolver o problema na segurança pública em São Paulo e minimizar o poder da facção criminosa. Apesar de insistir que não há porque recuar no debate político, Tarso negou que tivesse atacado diretamente os tucanos por causa da onda de violência no Estado.

"Recuando de quê? Eu não recuo de nada. As minhas posições foram muito claras, respeitosas, institucionais. Não ataquei ninguém pessoalmente", afirmou o ministro, que na véspera dissera que "o governo do senhor Alckmin preferiu negociar com os criminosos" a aceitar ajuda do governo federal. "Temos de conversar agora e assumir funções e posições de pessoas de Estado para combater a criminalidade organizada e discutir uma cooperação."

O tom menos belicoso também se reproduziu na oposição. Apesar de criticar o "desatino" do ministro, o líder da oposição, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que a produção legislativa não pode ser comprometida. "Não pretendemos obstruir a pauta", afirmou, num aceno de que o Senado deve retomar na próxima semana as votações paralisadas na quarta-feira, por conta do clima de acirramento político com a crise na segurança pública de São Paulo.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, também previu a retomada das votações. "É preciso que a disputa eleitoral fique nas ruas", disse Jucá, que, porém, não resistiu à tentação de alfinetar o PSDB e o PFL ao comentar a reação da oposição às declarações de Tarso, na quarta-feira. "Quem está perdendo nas pesquisas fica mais exaltado."

Na versão de Tarso, o bombardeio começou com uma declaração do ex-governador e candidato PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, acusando o governo federal de não repassar dinheiro para o sistema penitenciário, o que teria sido o possível motivo de rebeliões e ordens repassadas de dentro dos presídios para assassinar policiais.

"O debate começou na medida em que nós, do governo federal, detectamos uma espécie de transferência de responsabilidade", afirmou. "Isso nós não admitimos." Em seguida, porém, voltou a amenizar o confronto e disse que não é importante saber quem começou o debate.

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