ONU fará investigação sobre corrupção no Brasil

A Organização das Nações Unidas (ONU) fará uma investigação sobre a corrupção no Brasil. A relatora especial das Nações Unidas para o Combate à Corrupção, Christy Mbonu, no entanto, foi aconselhada por membros do governo a não iniciar qualquer missão no País antes das eleições presidenciais de outubro. Christy negocia com o governo desde fevereiro para agendar o estudo no País – o primeiro fora da África a ser avaliado pela ONU.

A especialista disse que seu plano era marcar a visita para junho. "Eu queria ir ao Brasil em junho, mas me disseram que seria difícil antes de outubro", explicou Christy. A nova previsão é de que a viagem ocorra no início de 2007.

A especialista conta que não pretende ir ao Brasil "para descobrir um novo escândalo ou incriminar algum político". "O que estou fazendo é debater os mecanismos que cada governo e sociedade têm para combater a corrupção. Quero levantar porque o combate à corrupção funciona em alguns locais e não em outros", afirmou. Suas conclusões sobre sua visita ao País serão publicadas em um relatório.

Christy também preparou um questionário que enviará ao governo. Nesse documento, pede que seja explicado como o governo faz para lutar contra a corrupção de funcionários públicos, de membros do governo e como a lei regula as atividades dos partidos. Outro ponto do questionário são as irregularidades em licitações públicas, além da corrupção do Judiciário. "Se há corrupção entre os juízes, um país não tem nem como punir os corruptos", afirmou.

Desde que assumiu seu posto, em 2004, a relatora da ONU já visitou o Quênia e a Nigéria, seu país de origem, considerado o mais corrupto do mundo. "O que eu vejo é que existe uma relação clara entre corrupção e pobreza. Se há corrupção, não há como ter uma sociedade que luta pelo desenvolvimento. A corrupção contamina todos os direitos básicos: o direito à vida, à alimentação, direitos civis e políticos. Enfim, a corrupção está na base de várias violações.

Outro país que pode ser alvo do levantamento é a China. No entanto, tem sido difícil negociar a autorização para a entrada da relatora no país. No caso do Brasil, o governo se comprometeu a aceitar que todos os relatores da ONU possam vir.

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