Esta é uma pergunta que está na cabeça de muitos estudantes de Direito, tanto para aqueles que acabaram de entrar na faculdade quanto para os veteranos que estão cursando o último ano. O curso de Direito possui uma grande diversidade de opções, por isso o número de desistência é pequeno se comparado a outros cursos. Mas, nem sempre isso acaba sendo uma vantagem, ao contrário, acaba colocando na cabeça de muitos uma grande dúvida na escolha de sua carreira profissional. Ter um leque de opções também não significa facilidade nem garantia de sucesso. Por exemplo, para aqueles que pensam em ser advogados, passar no exame da OAB vem se tornando um obstáculo cada vez maior, já para os que pensam em seguir carreira através de concurso público as dificuldades aumentam ainda mais.
Porém o maior problema que existe hoje, não está no esforço ou na pressão que a cada um tem que superar para alcançar seus objetivos e sim na maneira como o aluno é conduzido dentro das faculdades. O conceito de bom é visto como aquele que tira boas notas e assim está apto a passar pelo processo seletivo existente na área em que for escolhida, como já foi citado anteriormente. Torna-se inquestionável o fato de que um bom aluno precisa dominar o conteúdo dado em sala de aula. Entretanto, o que precisa ser analisado com mais atenção é que o precioso período da graduação, em muitos casos, está sendo utilizado como um grande curso preparatório, semelhante aos cursinhos pré-vestibulares, que apenas procura enfocar-se na aprovação do aluno. A vida profissional não pode ser guiada dessa maneira, é preciso que, nesta fase, o estudante desenvolva valores e conhecimentos que possam ser utilizados ao longo da sua vida.
A carreira profissional no mundo jurídico exige-se uma formação diferenciada, visto que decidir o destino de pessoas, seja acusando, defendendo ou julgando vai muito além do que dizem os livros e códigos que o aluno estuda em sala de aula. Saber o conteúdo da matéria e saber como utilizá-lo são situações distintas. Conversando com alunos de diferentes faculdades, pode-se notar que muitos reclamam que os professores se preocupam em apenas preparar o aluno para os mais diversos concursos públicos, sendo que muitos ainda nem sabem se vão querer seguir este caminho. Há necessidade que o aluno descubra uma vocação dentro da faculdade. Muitos pensam que a vocação é uma espécie de destino em que todos nascem aptos a brilhar em determinada atividade, longe disto! As pessoas só descobrem suas aptidões com a ajuda de dois fatores indispensáveis: tempo e estímulo.
O período da graduação no curso de Direito deve ser um estímulo para aqueles que desejam enfrentar as dificuldades e desafios da justiça no País. Pessoas que vivem impulsionadas pela satisfação de fazer algo que tem relevância no meio social vivem o prazer de saber qual é o seu papel na sociedade. Embora nem todos pensem assim, o sentimento de insegurança em seguir uma carreira jurídica é visível na maioria dos alunos, até mesmo os mais céticos reconhecem que é tedioso passar cinco anos de sua vida se preparando para uma prova de concurso e sair da faculdade sentindo-se incapaz de lidar com problemas que diariamente surgem nas mãos de advogados, promotores ou juízes. Deve-se lembrar que o profissional mais preparado para enfrentar a vida fora da faculdade não é aquele que apenas possui o maior conhecimento teórico, mas sim o que mais sabiamente usa aquilo que aprendeu.
Raphael Marins é acadêmico de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.