O que falta às telecomunicações

Carlos Eduardo Rocha

Exemplo inquestionável de expansão e desenvolvimento na última década, o desafio do serviço de telefonia no País já não é mais fazer com que o aparelho de telefone esteja ao alcance da população na hora que lhe convier, embora ainda haja pequenas correções a serem feitas com relação à disponibilidade do serviço. A maior missão do setor, a partir de 2005, é tornar esse meio um instrumento de auxílio à educação e à informação das classes menos favorecidas, através da rede mundial de computadores.

Para isso, projetos do governo não bastarão. Será necessário o envolvimento consciente de operadoras de telefonia e provedores de acesso neste desafio. Os benefícios incalculáveis suscitados pela modernização das telecomunicações no País, no que se refere à emissão e recebimento de mensagens faladas, precisa transcender ainda mais e se tornar também objeto de desenvolvimento e apoio educacional, utilizando o recurso de transferência de dados que a linha telefônica permite.

O sistema de telefonia brasileiro, considerado um dos dez maiores do mundo, com uma rede fixa capaz de atender mais do que o número existente de usuários, inclusive os potenciais, e que viabilizou milhares de operações em nome do fortalecimento econômico brasileiro, tem, a partir do próximo ano, um compromisso de se engajar definitivamente nessa cruzada de disponibilizar de maneira ampla e irrestrita o conhecimento à população mais necessitada, utilizando a poderosa rede mundial de computadores.

A realidade é que precisam sair do papel, de forma urgente, os projetos de implantação de infra-estrutura de acesso à internet pela rede de telecomunicações, principalmente às escolas e bibliotecas freqüentadas por cidadãos de baixa renda desse imenso território nacional. É isso que falta para massificar no País as telecomunicações, independentemente de qualquer regra já estabelecida entre o poder concedente e as operadoras. Não há construção sólida de um país sem investimento em educação. E, neste aspecto, o quadro atual é extremamente preocupante.

A contribuição das empresas de telecomunicações e tecnologia e o governo é definir já como fazer deslanchar esse grande projeto. A aplicação dos recursos do Fundo de Universalização das Comunicações (Fust) é hoje o maior meio disponível para isso. No entanto, é necessário que se faça a regulamentação de utilização desse fundo o quanto antes, colocando nas discussões sobre o assunto as vantagens sociais do recurso à frente dos interesses das partes envolvidas. Nessa tarefa de desenvolvimento da infra-estrutura de acesso à internet de forma extensiva, investimentos serão importantes e imprescindíveis, devendo ser pensados e friamente calculados, sem gerar prejuízo a qualquer participante do processo. Porém, o componente da responsabilidade desse papel educacional deve seguir junto.

Se as telecomunicações já fizeram história em tão pouco tempo, porque colocaram os cidadãos dos quatro cantos do Brasil para se comunicarem, é hora de contribuir de maneira mais decisiva para a formação educacional da população. É o que falta para as telecomunicações serem definitivamente o setor líder dos novos tempos no Brasil.

Carlos Eduardo Rocha é diretor de telecomunicação da consultoria BearingPoint.

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